O HOMEM É CORRUPTO
Desde que há registo histórico, dá para perceber que as oferendas que o Homem fazia aos deuses, por ele criados, eram para aplacar suas iras ou deles obter benesses em vida, desde sacrifícios com vidas humanas, depois animais e modernamente em dinheiro, em ouro, jóias, etc.
A primitiva ignorância do Homem, sobre os fenómenos da Natureza, não o impediu de, com a sua rudimentar mas evolutiva inteligência, dar mais valor à vida e procurar prolongá-la para o Além da morte! Cedo constatou que, além da força, lisonjear os mais fortes dava mais valias em benefício próprio!
O compreensível medo das tempestades, vindas dos céus, da terra, ares e mares, levou-o à necessidade de imaginar seus autores uns seres superiroes!
Com esta convicção foi criando figuras virtuais, a quem pedir ajuda ou clemência.
Deu em imaginar os deuses, por si imaginados, como senhores de poderosos e invisíveis reinos a que gostaria de pertencer! Usando ardilosas manhas, nas cada vez mais sofisticadas armadilhas para a caça, logo compreendeu que era o Rei dos Animais! A sua capacidade de raciocínio levou-o a encarar a possiblidade de haver vida para além da morte e a formatar modos de lá chegar! Era e é uma ideia que, além de apaziguar angústias transcendentais, também gerava receitas materiais aos seus promotores!
Quem estudar um pouco a evolução histórica das civilizações, vê que centenas de deuses desapareceram e deram lugar a outros! Mesmo da mesma base teológica gerou-se o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo, por sua vez depois ramificados em credos vários, mortais entre si! Todavia, a ideia da transação comercial entre o humano e o divino mantém-se, ou seja, no Cristianismo, por exemplo, por cá dá aquela palha invoca-se o nome de Deus, da Nossa Senhora (com centenas de nomes) e de Todos os Santos!
Pede-se para o filho não ir à tropa, para o que clube ganhe o desafio, para fique campeão, pede-se para a cura duma doença, para ficar bem no exame, para a promoção ou ficar efectivo no emprego, que saia o euromilhões, etc, etc.
Porém, feita a promessa, a mesma só é cumprida se o “milagre” acontecer! Não é uma questão de Fé, mas sim uma proposta comercial.
Porém, feita a promessa, a mesma só é cumprida se o “milagre” acontecer! Não é uma questão de Fé, mas sim uma proposta comercial.
Se acontecer o “milagre” paga-se o serviço, e lá vão pagar aos cobradores terrenos as graças que vêm do céu o valor do contrato. Se não acontecer, por vezes vociferam contra deuses que dizem adorar!
O Homem, embora pedindo favores aos deuses do Alto, alimenta bem quem os representa cá em baixo!
São milhões, que empancam no disco “venha a nós, venha a nós, venha a nós”, e a prevenir, complementam com o "Perdoai-nos Senhor"
Sendo assim, se o Homem mete cunhas a quem manda no Alto, que não vê, como é que nos devemos admirar das cunhas douradas e da corrupção que mete na governação, cá em baixo, aqui, à mão?
Que diabo! Os governantes não são santos!
Não resistem à tentação do Diabo como resistiu Cristo! Como estando no poder se sentem uns deuses, acedem aos rogos dos crentes para que processos saiam da câmara, para que a sucata se transforme em robalos, para que submarinos mergulhem mais fundo, para que os freeporst sejam livres, etc etc, mas todos isto com “untadas” cunhas para que os “milagres aconteçam.
Todavia, se é assim entre os graúdos, os miúdos já se contentam com o “milagre” do perdão duma multa de mau estacionamento, porque, como diz o slogan popular publicitário: “compro mais barato, porque tenho um amigo”.
Quem diz ter um amigo na Polícia diz no Tribunal, na Câmara, na Junta, no Ministério, por aí fora!
Quem diz ter um amigo na Polícia diz no Tribunal, na Câmara, na Junta, no Ministério, por aí fora!
Enfim, a seriedade do Homem não é para levar a sério. Aliás, o comércio das cunhas tem-se desenvolvido tanto que já está institucionalizada em lobbies ou em partidos.
Só falta organizar a feira das cunhas, com firmas cotadas nas bolsas!
Curioso que se o Homem, com outros convive pacificamente no comércio,, chegando ao ponto de em centros comerciais coexistirem lojas chinesas, japonesas, indianas, americanas, africanas, europeias, etc, com restaurantes representando suas tradições gastronómicas, a mesma convivência não acontece no plano religioso!
Seria interessante, nos mesmos centros existirem sinagogas, igrejas, mesquitas, templos budistas. Ver uns a rezar de joelhos, outros de cú pró ar, outros a abanar a cabeça, outros a tocar os sinos, outros a chamar os fiéis para as orações, etc..
O mesmo Deus, Pai de todos eles, gostaria de ver seus filhos a conviverem pacificamente. De admirar é que biliões dizem que Deus só há um, mas cada um tem o seu! Afinal, não conhecem o Pai nem este pôe ordem na família?
Concluindo. O Paraíso, embora lugar abstracto, seduz o Homem, ramificado em vários homens, de cores e tamanhos diversos, utilizando diversos “solicitadores terrenos de coisas divinas”, pagando-lhes serviços ou metendo cunhas para lá entrar! Enquanto isso não acontece vão rezando o “Venha a Nós o Vosso Reino”! E a prevenir pedem o “Perdoai-nos Senhor”
....................................xxxxxxxxxxxxxxx.................................
Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo
Gondomar
Meu caro Figas,
ResponderEliminarEsta análise hiperpertinente deixa-me pasmado! Será que estamos, de fato, numa CUNHOCRACIA?!
Com laivos fundamentalistas, esta teocracia aproveita-se da tradicional credulidade popular... os «novos deuses», o «novo olimpo», os «novos oráculos», as novas «vestais»...estão aí.
Todos os dias podemos vê-los no «altar» da comunicação social!
Estão convencidos que o país (e o mundo inteiro) se move, por força da sua capacidade, da sua genialidade, do seu poder mitológico... da mesma forma que o galo da minha vizinha julga que é ele que faz nascer o sol ao cantar logo pela manhazinha!...
Olá Rouxinol. Cumprimentos- Ainda duvidas?
ResponderEliminarCunhacarcia é a regra, salvo excepções.
FigasAbraço
Ó Figas, andas a dar-me muito trabalho, ai ai, ai ai... cadê a etiqueta?
ResponderEliminarVeijios etiquetados
Sabes. É que eu sou pouco detiqueta.
ResponderEliminarFigasabraço