domingo, 30 de dezembro de 2012

“Com o mal dos outros posso eu bem”
Existem ditados populares para todas as situações do nosso quotidiano, inclusivamente alguns deles contrariam-se quanto ao fundo moral que encerram.

No caso em apreço temos um aforismo popular que parece ter contribuído para o egocentrismo reinante, o que indicia a propensão portuguesa para o “lá diz o ditado”.
Passos Coelho por exemplo, a acreditar nas Boas Festas que nos enviou, não pode com o mal dos seus concidadãos, sente-se muito infeliz e vai fazer uma passagem de ano muito recatada. Não vai, contudo, deixar de comer as 12 passas da meia-noite enquanto em muitos lares portugueses se vai passar larica. 
Se é verdade que o peso do mal alheio é mais leve do que se fosse meu, não devia deixar de, algebricamente somados um e o outro, tenderem para o equilíbrio, dado que o mal era menor e o bem não seria tão bom.
Lembrei-me disto por causa da Mula que tive que escorraçar para não me infernizar o juízo. Fiquei muito mais aliviado quando constatei alguns percursos da mula na sua insana tarefa de sujar todos os lugares por onde passa.

A propósito de uma entrevista em que Urbano Tavares Rodrigues confessa que foi preterido diversas vezes por ser comunista, comenta a mula:
"Alguém lhe explica que com 86 anos e um filho de 4, há algo que não bate certo… tem pai que é cego”.

Sobre uma notícia com o título “Dubai acusa Mossad de matar membro do Hamas”:
“Excelente trabalho, façam favor de continuar”

Do artigo “Duas explosões no metro de Moscovo provocam mais de 30mortos”:
“Deve ser obra do lenin, desculpem, do putin”

Uma outra em que se informa que o chefe das Farc morre num bombardeamento, relincha a mula:
“ O PCP vai já fazer uma homenagem a título póstumo”.

Sobre “EUA: Reforma de saúde terá de ser votada de novo” vocifera a mula:
“… e não andam os médicos americanos a fazer como os seus congéneres cubanos que roubam a comida, etc., aos seus doentes e depois deixam-nos morrer de fome e frio às dezenas.”

São apenas alguns aspetos da orientação política do chip que lhe enfiaram na cabeça e que o emissor colocado no cabresto divulga por tudo que é sítio.

Omito as obscenidades usadas para com outros comentadores das mesmas notícias.
Depois disto não posso deixar de sentir algum conforto. Afinal não é só comigo que a mula implica. Tenho companheiros de infortúnio.

Ver:
http://www.jn.pt/search/SearchResults.aspx?u=6369&o=DateDescending&PageIndex=5

sábado, 29 de dezembro de 2012

A mula do pai do Moreira

Vamos animar esta coisa? Verifico que alguns "clientes" deste espaço desapareceram (como eu próprio), mas continuam vivos apesar de Passos de Coelho continuar a a pensar em nós como matéria morta e em putrefação. Façamos mais um esforço para lhe criar azias e muito más digestões mantendo-nos vivos.
Mudei o visual do blogue para refrescá-lo, a ele e a mim que bem preciso!

Entretanto, aproveito para assinalar que um amigo nosso do tempo do JN continua a contatar-me amiúde para saber de vós; quer cumprimentar alguns de vós particularmente. Ainda continuo a pagar as favas. Eu que era o mais educadinho!?

Por isso:
O que se passa António?
Eu vos digo.
O pai do Moreira tinha uma mula. Quando o Moreira adormecia e via que não tinha tempo de chegar antes do toque da cabra para o início das aulas, ia de mula. Amarrava-a a um poste de eletricidade junto ao... muro do colégio. No intervalo das aulas enfiava-lhe um saco com favas no focinho para lhe encher o depósito.
Quando havia um furo entre as aulas o Moreira, à vez, deixava-nos cavalgar o equídeo. Era uma festança!
Quando ia a trote não havia problema, portava-se muito bem, mas quando a galope tinha uma querença que nunca conseguimos contrariar.
Assim que via uma rua á direita não hesitava, guinava imediatamente para a tomar e o cavaleiro não conseguindo dominá-la com as rédeas, era projetado do selim.
Só obedecia ao Moreira, o que me leva a crer que a mula, matreira, só queria ser montada por ele.
Há sempre uma razão para evocar episódios do passado como me aconteceu hoje.
Tenho um armazém com a tabuleta por cima da porta “Durindana”. Era para ser um espaço concorrido mas pouco tempo depois decidi usá-lo apenas para recriar os desabafos que coloco noutros espaços, pelo que não procuro mantê-lo limpo e arrumado.
Todavia tinha a porta aberta, como na Ilha das Flores, onde nem de noite se fechava a porta e quem passava abria-a para ver as horas no relógio da sala… nos anos 40, como é de calcular.
Por essa razão uma mula mal parida passou a entrar-me pela porta do armazém onde aparece para defecar quando a diarreia mental fica incontrolável deixando-me o chão do armazém numa autêntica vergonha. Já pensei se não seria uma mula-sem-cabeça, duende em forma de besta e com três pés que anda por aí a vaguear, qual alma penada sem eira nem beira.
Tem todavia um nome! Não um nome próprio. Nem sequer o sobrenome. Identifica-se por “averdadedoi” pelo que não é difícil calcular onde lhe doi já que vive com um mu muito bem dotado.
Acabei!

domingo, 23 de dezembro de 2012

A todos os líricos deixo aqui os meus desejos dum Bom Natal
com a alegria possível e disponível; isenta de impostos!
Um Abração figariano aos presentes e ausentes
 
O AMOR É UM CHÁ
 
O amor é chá,
que quente se toma,
lentamente,
mas sem o deixar esfriar.
Se arrefecer,
além de mais açucar se acrescentar,
o melhor é voltar aquecer,
..fortemente.
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Autor deste chá:
Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque
 
FOLHA OUTONAL
 
Luz de outono;
luz repousante;
macia; calma;
que beija corpos em primaveras,
que alumia sonhos de quimeras
em estações sucessivas,
até que vem o inverno
e varre folhas caídas!
.......xxxxxxxxxx.........
Autor desta folha outonal:
Figas De Saint Pierre
Gosto ·

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Loureiro bonsai gondomarense!


LOUREIRO BONSAI GONDOMARENSE
Um meu amigo veio visitar-me. Um Gondomarense, que vivia perto da Câmara e que tinha um loureiro, que há muito lhe dava preocupações! No seu quintal, que não era muito grande, o loureiro tinha vindo a crescer, a crescer e, embora no início até dele gostasse, rapidamente a sua sombra impedia que ervas aromáticas se desenvolvessem! Apenas ervas daninhas cresciam à sua volta! Pediu-me conselhos, porque, dizia ele, eu percebia da poda!
Eu não. Eu percebo tanto como tu. De vez em quando, apenas dou umas tesouradas nas oliveiras e nos loureiros que tenho, e quando ganham filhotes, que fazem muita sombra ao redor, volto a tesourar. Disse eu.
Mas, vendo que meu amigo, realmente, precisava de ajuda, e como não tinha jeito para a poda, eu, como conheço alguém no tribunal, que é jardineiro nas horas vagas e nos fins-de-semana, dei-lhe o contato. Passados uns tempos, novamente meu amigo fez-me uma visita e disse que o técnico do tribunal era muito competente e que tem vindo a tosquiar o loureiro. Não tarda, diz ele, que segundo técnica de poda adequada fique um lindo loureiro, mas muito mais pequeno, mesmo pequenino; tipo bonsai, que depois será retirado do quintal e ficará num vaso, como planta ornamental de interiores! Mostrou-me a foto do andamento da poda. –“Ainda está muito grande!”, Disse eu
-“Sim, mas o jardineiro do tribunal disse-me que lá para o ano já estaria pequenino e logo que ficasse um bonsai podia ficar dentro de casa.”
-“Ah. Vais ver que vai durar muitos anos dentro de casa. Além disso, ainda podes oferecer umas folhinhas para aromatizar pratos gastronómicos, muito apreciados por gente da alta; políticos, malta da justiça, do governo, etc. Pessoal que paga bem. Sabes como é; depois mandam as contas para os off-shores. Um raminho de loureiro ou de oliveira faz sempre jeito em casa! Rematei eu. Logo que acabei de falar em políticos, meu amigo desatou a chorar, chamando-lhes nomes feios!
Vá lá. Não chores. Disse eu, continuando: São uns inocentes. O Povo é que não os compreende!
Eles fazem tudo pelo e para o bem do Povo. Disse eu.
Continua a podar o teu loureiro. Quando ficar um bonsai, talvez fiques famoso por teres o primeiro loureiro bonsai gondomarense, em casa, reformado do quintal!
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Autor desta poda: Silvino Taveira Machado Figueiredo
Gondomar

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Bronca celestial!

Responder com citaçãoCitar



Que bronca!
Nem S. Pedro e todos os anjos da guarda chegaram para atender tantos casos de carne mal ressuscitada!
No dia da ressurreição, um homem, de bom coração, foi atacado por um outro, seu santo...irmão!
Exigia que lhe devolvesse o coração que no seu irmão estava transplantado!
Afinal, Deus quem iria premiar as boas ações feitas na Terra? Ao primitivo dono do coração, que era um bom cristão ou ao transplantado, que era ateu declarado e que dele tinha beneficiado, depois de ter retirado o mau coração que tinha?
O primeiro dono do coração apenas queria a execução dum costume terrestre:
”Quem do alheio veste na praça o despe.
Outro ressuscitado, mas sem um fígado, queria-o de volta. Sem ele, mal se aguetava de pé!
Havia quem reclamasse das placas de dentes que tinham ficado na terra! Mulheres, desiliconadas, queriam o silicone ausente das mamas, que lhes tinham custado uma fortuna e não estavam dispostas a andarem ali, com os pingentes mamários, perfurando as nuvens até tocarem os cumes do Evereste! A ser assim, mais valia não terem ressuscitado. Protestavam!
Jovens queriam reaver o poder perdido da ereção. Reformados exigiam saber dos valores das reformas e dos descontos para assim poderem planear excursões da Inatel Celestial!
Desempregados queriam saber do rendimento mínimo e onde ficavam os Centros de Emprego
Grande era a confusão! Dma voz, em off, se ouviu: -“Com o dinheiro que o Vaticano gastou o Céu está falido!”
Alguém foi chamar Deus Pai, que estava no seu descanso eterno, e lá veio ele, pesaroso, barbudo, (nunca foi ao barbeiro!) e cofiando a barba tentou acalmar as almas, mas passado apenas um átimo temporal logo chamou seu dileto filho Cristo (nascido dum truque mágico divino) e disparou:
-“Olha lá meu filho, que é que andaste a pregar? Vê o que está a acontecer! Tanta alma a ressuscitar diferente da minha imagem! Há para aí até troca de sexos, e o mais esquisito é haver transplantes do dito.”
Cristo, aflito, respondeu:-“Mas, meu Pai, Senhor meu, ensinei-os a conformarem-se com a Vossa vontade, mas depressa começaram a mudar cursos de rios, a fazerem barragens, derrubarem florestas, a poluirem o ar. Com a sua ação a Terra muito aquece. Desculpa Pai. Os homens fartam-se de invocar a vontade de Deus; a Tua, mas cada um faz o que lhe apetece! Aliás, fartei-me de pregar que Deus há só um, mas, afinal, cada um continua a ter o Seu!
Não atenderam aos meus ensinamentos. Modificaram seus corpos com próteses de todo o género; placas dentárias, silicone nas mamas, reposições de virgindade com novo híméns, olhos de vidro, transplantes de corações, de fígados, e até, imaginai, Senhor meu Deus Pai, aquilo que Vós não precisastes para me fazer! Foi só pela palavra, não foi?!
-“Cala-te”. Deus interrompeu-o bruscamente!
Então, o Pai Eterno, que não estava para se chatear, reganhou sua omnipotente calma e fez um transplante geral nas almas protestantes e mandou-as (salvo raras excepções) para o Inferno!
O Diabo, bem protestou devido ao aumento do trabalho,disse que tal não estava no protocolo! Além do mais, alegava ele, tinha de gastar mais eletricidade da EDP e nem sequer beneficiava da tarifa bi-horária!
-“Trabalha malandro. Fui eu que criei o mundo, a ti e ao Inferno, para nele trabalhares e me prestares bons serviços, senão, rua. Solto-te entre os portugueses descontentes. De qualquer modo, vou pôr a gestão do mundo em piloto automático e tudo que não estiver nos conformes, devido às tuas tentações, sobrará trabalho para ti. Como sabes, se dou descanso eterno a outros eu tenho direito a dormir descansado sem ser acordado para estas ninharias! Mas, para mitigar a situação, quem quiser órgãos em seu corpo transplantar tem que pagar imposto ao Gaspar, segundo a tabela de artigos de luxo. Entretanto, se acontecer qualquer terramoto, tsunami, tufões, ciclones, etc, e se morrerem milhares de almas, já sabes que foi por eu estar a dormir, depois não me chateies por excesso de trabalho! Já basta destas modernices que agora me apareceram! Um dia, se eu fizer outro filho quero-o melhor que Cristo, que não deu conta do recado e deixou o Mundo chegar a isto, a este estado”
“-Mas, Senhor, a Igreja também não é culpada?" Perguntou o Diabo”
-“A Igreja? Tu, que andas no seu meio, é que deves saber, porque é mais obra tua que minha.” Disse Deus, retirando-se.
O Diabo, abanou vaidosamente a cauda, mas logo viu o muito trabalho que tinha pela frente, até porque já lhe tinha chegado aos ouvidos que teria de churrascar coelhos, visto que não gostam de ser cozidos em lume brando! O Diabo estava chateado, porque trabalhava, há séculos, no Inferno, a recibos verdes, mas já estava amarelo de raiva por ainda não estar no quadro! Qualquer dia perde a cabeça e o rabo e faz greve sem ter cabo! Deus terá de acordar e deixar de andar a dormir. Terá trabalho dobrado!
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Autor:SilvinoFigueiredo
Gondomar

Leite azedo

Leite azedo
Um casal, dependente, há muitos anos, do Banco Alimentar, ela, bem anafada, redondinha, tipo matriosca russa, enquanto ele, tipo dandy, caminhavam rua cima com sacas nas mãos e encontrando uma vizinha, à soleira da porta, ela logo desabafou:
-“Ó dona Micas, tem algum jeito darem-me dois pacotes de leite e mais dois de bolachas, mas não me darem açúcar!? Desde quando é que se bebe leite sem açúcar? Eu não bebo”
As palavras soaram bem alto, atravessando as espírulas do fumo dos cigarros que fumavam, denotando a boa qualidade da nicotina, a avaliar pela qualidade da tosse e do catarro em cada tragada no cigarro!
Assim se nota a qualidade evolutiva do dependente consumidor português;  aceita leite e bolachas, mas sem açúcar é grave lacuna do Banco Alimentar, passível de ser levado a Tribunal por contribuir, de forma passiva, ao agravamento do stress do “cliente”, por não receber cigarros grátis! Quem sabe se no próximo pacote da Troika venha o açúcar e também subsídio para a compra de bilhetes para irem ver a seleção de futebol, que anda a jogar sem açúcar!
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Silvino Figueiredo

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

OS GATOS


A maioria das pessoas que hoje adotam gatos, que os tratam com todo o amor e carinho, não sonham que esses pequenos felinos abundavam (vadiando) pelas ruas das nossas cidades, não sei se me enganarei se disser que hoje há mais cães que gatos como animais de estimação, antigamente (creio) era precisamente o contrário.
A maioria dos gatos (do antigamente) eram um misto de companheiros e equipamentos, já que a maioria das pessoas que não deixava que os gatos entrassem em sua casa tinham de se equipar com ratoeiras.
Leu bem, ratoeiras para caçar ratos, a maioria das habitações eram antigas, construidas com uma mistura de barro e tabique, e em quase todas elas havia buracos de onde saiam (e entravam) ratos, tapava-se aqui, eles (os ratos) abriam acolá, e lá andava a ratoeira atrás dos buracos e dos roedores.
Lembro-me que havia um gato que pescava, regularmente, no lago do Jardim da Cordoaria, havia menos pombas na cidade, e às vezes lá ia uma na boca dum gato.
As peixeiras que vendiam porta a porta também já não se vêm na cidade, antigamente corriam as ruas do Porto, com zonas de venda definidas, havia tantos gatos que as peixeiras vendiam, por exemplo, meio quarteirão de sardinhas, e deixavam, “mais uma para o gato”, rações?

 Tá bem tá…

ALGUÉM SABE DIZER-ME PORQUE RAIO HÁ TANTOS RASCUNHOS QUE NÃO SÃO PUBLICADOS?

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

OS MEUS RECEIOS.



Conheço a Zona Histórica do Porto desde que me reconheço a mim mesmo, até os olhos se me riem quando vejo toda essa área, diariamente, inundada de turistas, recordo bem o tempo em que só encontrávamos estrangeiros, no verão, junto a alguns monumentos e no principal ponto de atração, as Caves de Vinho do Porto.
A cidade que está praticamente deserta de população residente devido à política, errada quanto a mim, de periferização das suas gentes, ressuscita todos os dias com pessoas, novos e menos novos, que cá chegam transportados pelas companhias aéreas ditas “low cost”.
Os estabelecimentos de restauração do Porto já interiorizaram que a generalidade do turista de hoje não tem nada a ver com o de antigamente que chegava carregado de moeda estrangeira para gastar, já entenderam que também ganham vendendo (muito) a preços acessíveis, e é nos preços que se centram os meus receios de hoje.
O atual Governo vai privatizar a “ANA”, empresa que explora os aeroportos, privatização costuma significar aumento dos preços dos bens, ou serviços, e é sabido que as companhias aéreas de baixo custo procuram os aeroportos com taxas mais reduzidas.
Conclusão, espero que os novos donos da “ANA” não matem a galinha dos ovos de ouro.
Mas não vivo só de medos, hoje fiquei muito contente ao ver que o quiosque do polícia, (situado na Rua Saraiva Carvalho frente ao Largo Primeiro de Dezembro) fechado há muito tempo, voltou a abrir como posto de turismo, muito bem!

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

UM ALMOÇO RECONFORTANTE.



Imagine-se a preparar-se para almoçar, escolhe esparguete com vitela estufada e espera.
Entretanto na televisão passa a notícia do despiste de um autocarro em Angola com não sei quantos mortos, nas suas costas, na mesa logo atrás, alguém comenta, “lá foram os barrotes queimados”.
A comida demora um pouco e entretanto a tv passa a vitória, ontem, do atleta jamaicano nos 100 metros dos Jogos Olímpicos, outro comentário, “deve ser da ração, estes macacos correm à brava”.
Chega o empregado com a comida, ia pousar a travessa e eu, sem ver a cara da besta autora dos comentários racistas, disse-lhe (de forma a ouvirem-me na mesa de trás),” ó Pinto, leve a comida lá para o fundo da sala, não como à beira de filhos da puta racistas”.
O fundo era para a frente, continuei sem ver a quem era o animal, comi, soube-me bem, paguei e vim-me embora.
Mai nada!

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

CONHECES O BONECO?



Não me abordaram, fui eu que me dirigi à banca onde estavam pousados os bonecos, contribuí com o que pude.
É certo que não vejo muita televisão, escuto muito rádio, ouvi dizer que o governo ia passar licenças a privados para transportarem doentes, que os bombeiros voluntários estão cada vez mais falidos, da campanha de angariação de fundos para os bombeiros (QUE ESTÁ A DECORRER)… Nada!
Se os bombeiros voluntários de Portugal fossem genros do manhoso de Boliqueime…

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

AINDA NEM O OVO NO "DITO" DA GALINHA ESTA!


"Com um pé em Gaia e um olho no Porto, Luís Filipe Menezes já está a preparar três grandes eventos a partir de 2014 na cidade cujos destinos espera agarrar a partir do próximo ano."(JN)

Espero que os portuenses não sejam burros e não lhe ofereçam a vitória, é que se ele (Menezes) ganha sobem os preços todos, pode até acontecer que o Porto fique a cheirar tão mal como Gaia, hoje não se pode sair à rua.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

D. Odete

Já comecei a treinar. Quero estar devidamente preparado em janeiro quando entrar em vigor a
lei que vai obrigar à emissão de faturas por todos os artigos comprados. Sou um legalista e não vou dececionar os meus superiores, que com tanto empenho e
inteligência se esforçam para nos conduzir ao estado de divergência com os demais países desta desunião europeia.
Assim, logo de manhã fui ao café do Jorge. Bebi a minha bica e comprei o meu jornal.
- Jorge, passa para cá uma fatura, do café e do jornal, tá?
- Já contratei duas “fatureiras”, mas só começam a trabalhar para a semana. Como vê, só tenho dois braços e está o café cheio à espera de ser servido.
- Ok, estou só a treinar. Faço a minha obrigação.
Como hoje estão 101 milhões de euros à minha espera, pensei que era melhor ir ao seu encontro e passei pela tabacaria da esquina para entregar o meu palpite com os número que sonhei esta noite.
A menina Amélia fez o registo e devolveu o boletim com a respetiva fatura.
Aqui não é preciso pedi-la – pensei.
Mas será que serve para deduzir no IRS? – interroguei-me.
Já ia a caminho de casa quando me lembrei que a minha mulher me tinha pedido para comprar fruta e voltei para trás. Normalmente compro-a, (entre outras coisas),
nas grandes superfícies, mas resolvi ir ao mercado que fica muito mais perto.

Peguei nos sacos de plástico que estão ali sempre à mão e escolhi meia dúzia de pêssegos amarelos, outra meia dúzia daqueles de roer, três nectarinas e três nabos. Pedi à D. Odete – sempre simpática – que me pesasse também 250 gramas de azeitonas.
À medida que ia pesando a fruta ia apontando com um lápis de bico rombo os diversos preços num pequeno papelinho rasgado de uma folha de papel pardo. Somou depois as parcelas.
- São 4 euros e 35 cêntimos – informou.
Dei-lhe uma nota de 5 e enquanto fazia o troco, atirei maldosamente:
- Então, D. Odete, já sabe das faturas?
- Nem me fale disso! Eu nem tenho máquina!
Durindana


    

terça-feira, 10 de julho de 2012

O SENHOR PROFESSOR SEPIÃO.

Sepião era viúvo, um elegante professor primário reformado que tinha passado toda a sua vida de docente na terra dos capões.



Aos 8 anos saíra da aldeia para ir servir de marçano na mercearia de um conterrâneo que estava muito bem de vida, como quem o tinha levado para a cidade lhe dava muito trabalho, pouca comida e de roupa o guarda-pó e pouco mais, por volta dos 14 anos, num dia em que foi a casa dum cliente daqueles bons para receber a conta do mês, fugiu com o dinheiro para Lisboa, arranjou um quarto numa pensão manhosa e empregou-se noutro estabelecimento do mesmo género propriedade de uns galegos.

Foram os novos patrões que o incentivaram a estudar, fez a quarta classe com “uma perna às costas” em três anos, entretanto ganhara no bairro a alcunha de “o flecha”, tal era a mestria e a velocidade que exibia e impunha ao velocípede, “”fugei” que aí vem o flecha”, ouvia-se dizer quando nas imediações se ouvia o estridente toque da campainha da “bicla” da “Casa Ramon”, assim se chamava o estabelecimento de mercearia fina.
Os anos foram-se passando, continuou a estudar, chegou mesmo a participar e a vencer (como atleta federado) algumas provas regionais de ciclismo, quando todos lhe auguravam, mesmo a nível de dirigentes desportivos, um promissor futuro no mundo do ciclismo, Sepião, que já namorava uma filha dos patrões, decidiu estudar para ser professor, casou e foi dar aulas para Freamunde.

Como quase todos os professores primários daquela época, Sepião rapidamente viu avolumar o seu pecúlio, quando, por qualquer razão, alguém decidia (estávamos nos tempos em que se emigrava muito para o Brasil) desfazer-se de bens, a primeira pessoa a quem falavam era a ele.

Entrementes, a sua senhora, de quem nunca teve filhos, morreu cedo com uma doença “debaixo”, dizia-se. Nunca voltou a casar, vivia com uma criada que tinha enviuvado cedo, que depois da morte da patroa teve dois filhos registados de pai incógnito apadrinhados no batismo pelo patrão, eram a cara escarrada dele (Sepião).

Ainda no tempo em que dava aulas ia à terra de quinze em quinze dias, controlava a produção dos terrenos que tinha entregues a caseiros, e durante as férias grandes por lá permanecia os três meses, no tempo das vindimas, que ali aconteciam tardiamente, saía de madrugada, no seu “Volvo marreco” para ir dar classes, e voltava pelo lusco-fusco para controlar a produção.

Já reformado foi ele quem tomou a iniciativa de se dirigir à câmara no propósito de conseguir que nomeassem um regedor para ver se acabavam as rixas que eram quase diárias pelas mais diversas razões, viu frutificar os seus intentos, houve nomeação e até fizeram uma cerimónia de tomada de posse com a presença do presidente da autarquia, comandante do posto da guarda, banda e tudo, adivinhem lá quem deu indicação de quem deveria ser escolhido como autoridade lá do sítio, pois, foi ele mesmo, claro que contou com o apoio incondicional do senhor abade.

À aldeia, a correspondência chegava por mão de alguém que fosse à feira semanal à vila, deslocava-se ao posto dos “CTT” dizia que ia buscar as cartas e, como o meio era pequeno toda a gente se conhecia, trazia-as, às vezes chegavam com especto de terem sido abertas, se quem as tinha trazido fosse alguma pessoa que reconhecessem não ser de confiar totalmente não lhe voltavam a pedir o favor, outras vezes, se o portador fosse considerado figura seriíssima, sussurravam, “deve ter sido a PIDE”. Os sobrescritos eram pousados no balcão da tasca e por lá ficavam, alguns nunca eram reclamados, quando estivessem já amarelados eram pendurados num prego que havia na retrete situada no quintal das traseiras, voltavam a ser uteis.
Para acabar com a situação, lucubrando que alcançaria mais alguns proventos, Sepião candidatou-se a agente dos correios, falou com um amigo bem colocado na capital e passado menos de um mês pendurou a caixa (marco) do correio na parede frontal de sua casa, mandou adaptar um janelo na janela original que ladeava a porta de entrada, assim não precisava de abrir a porta nem levantar a janela, abria e fechava o postigo, mandou mesmo fazer um telheiro em chapa canelada, pintada de vermelho onde se lia “CTT” com a gravura de um cavaleiro a tocar gaita, se chovesse os utentes estavam salvaguardados.

Sepião era uma pessoa muito bem conceituada, na missa, o lugar dele era na primeira fila no primeiro lugar junto à coxia do banco do lado direito como quem está virado para o altar, antes de começar a celebração o sacristão assomava-se à porta da sacristia para espanar muito bem a almofadinha em forma de oito onde ele se ajoelhava, e se por qualquer razão ele não estivesse presente ninguém ousava ocupar o lugar.

Como por todo o país as pessoas eram analfabetas, a correspondência também não era muita por isso mesmo, mas a pouca que chegava ficava muitas vezes por ler, outras vezes era lida quando lá por casa aparecia alguém instruído que fizesse o favor, que era sempre pago com uma galinha, uma garrafa de vinho, ou qualquer coisa que soubessem ser do agrado do ledor.

Furão, Sepião passou a ler as cartas a quem quisesse a troco de dois tostões, e cinco a quem desejasse que lhas escrevessem, era ele ainda quem vendia as folhas de papel e os envelopes que comprava às caixas, a quem aparecesse com os apetrechos comprados mais barato na mercearia ele não redigia, alegando que não se dava a escriturar noutro papel a não ser no dele, e assim cobrava mais ainda.

Passadas algumas semanas do início das novas funções sabia a vida de parte das gentes do lugar, com o tempo, tomou conhecimento da vivência de quase todos.

A sua ganância, aleada a algum altruísmo, diga-se, foi o seu fim.

Rosalinda, mesmo analfabeta, era a catequista da aldeia, limitava-se a ensinar as crianças a rezar, o catecismo lia-o o senhor padre. Mulher dos seus quarenta e poucos anos já trazia cinco filhos, todos pequenos, agarrados à saia, o último tinha nascido há pouco mais de um mês. Era casada com um pedreiro famoso, não só pela arte de trabalhar a pedra como pela sua força muscular, para levantar um calhau grande eram três de um lado e ele sozinho do outro, dizia-se que estava proibido de entrar num café da vila por, por aposta, ter levantado até à cintura um “bilhar russo” dos grandes, um feirante que na altura da festa apareceu com um daqueles comboios que se atirava, fazia um looping e, se com força suficiente, chegava a um castelo fazendo rebentar uma bomba, só ganhou uns cobres até chegar o marido da Rosalinda, ele agarrou no punho que havia na traseira do trem, tomou lanço, uma, duas, três vezes e zuuuummmm… Pum fez a bomba, CATRAPUM, fez a engenhoca ao cair no chão toda desfeita.

Rosalinda tinha uma irmã casada que vivia no Porto que foi à festa, abriu-se com ela contando-lhe o receio que sentia de voltar a engravidar, logo ela se prontificou a, chegando a casa, lhe meter alguns preservativos num envelope, e assim fez.

A meio da manhã chegava a ambulância dos “CTT” e de imediato Sepião lia em voz alta o nome dos destinatários, a nova chegava rápido a quem fosse contemplado, só da parte da tarde ele procederia à leitura.

Um puto a correr chegou-se à janela da casa de Rosalinda e gritou, “senhora Rosalinda, há carta para si”, “ai os preservativos, e eu que não avisei o senhor Sepião que a próxima não era para abrir” pensou ela, ainda considerou pedir ao marido para ir ele buscá-la mas desistiu, era coisa de mulheres, não queria correr o risco de levar alguma lambada.

Até a comida do almoço lhe saiu salgada, e ouviu uma bronca do homem por isso, tal era o estado de nervos em que ficara, até a saliva não lhe ia para baixo.

Deu tempo para não encontrar ninguém e lá foi pela carta, bateu à porta e foi atendida pela criada, “espere um bocadinho, o senhor Sepião está ali a fazer uma coisa que não pode deixar a meio e já a atende”, voltando a fechar, passados dois ou três minutos a porta reabriu-se, era a criada que com uma cesta no braço lhe disse, “vou num instante à venda da Melita e já volto, o senhor Sepião já aí vem”, deixando a porta entreaberta.

Passados instantes ouviu-se um “entra”, e ela entrou, estranhou logo o facto do senhor Sepião estar de robe e não se lhe adivinhar nada por debaixo, ele estava com o envelope já aberto na mão, ela esticou a mão e disse-lhe (com a voz trémula) “essa não quero que ma leia, dê-ma cá se faz favor”.

Sepião suava, tinha os olhos esbugalhados, nos cantos da boca viam-se sinais de espuma, estava desvairado, esticou pouco a mão que detinha o envelope obrigando-a a chegar-se mais a ele, e, de repente agarrou-se a ela forçando-a a cair de costas na carpete com o corpo dele em cima do dela.

Ao cair Rosalinda bateu com a cabeça, ficou meio atordoada mas não perdeu o conhecimento, gritou, gritou, e debateu-se, os segundos pareciam horas e nunca mais ninguém aparecia, ele já lhe tinha rasgado a blusa e arrancado o sutiã, agora enquanto com uma mão tentava tapar-lhe a boca, com a outra tentava levantar-lhe as saias. Sepião tinha já a cara toda arranhada pelas unhas da Rosalinda mas parecia insensível à dor, não parava, até que ela abrindo a boca lhe apanhou dois dedos e ferrou de tal maneira que lhos traçou, Sepião soltou um aflitivo grito de dor, tirou a mão das partes baixas da Rosalinda e aconchegou a outra que ela lhe ferrara com fúria animal.

Ela aproveitou ele ter aliviado a pressão e fugiu, cá fora a rua estava deserta, ninguém tinha dado por nada, desatou a correr para casa, vendo-a num estado lastimável uma vizinha deitou-lhe a mão, outra que também presenciou a correria juntou-se-lhes.

Rosalina ainda pensou esconder o que se tinha passado, mas sabia que se o fizesse ia ser pior para ela, que justificação daria ao homem para as pisaduras que tinha nas faces e nos peitos?

Entretanto Sepião metera-se no carro e saíra de casa, o marido de Rosalinda que só costumava chegar a casa pelo pôr-do-sol, entrou esbaforido de rompante em casa da vizinha, já sabia de tudo, conforme entrou, voltou a sair, foi a casa e voltou de caçadeira na mão numa correria em direção à casa do violador, alguém lhe disse que já tinha fugido, desvairado, esvaziou uma cartucheira, na porta, janelas, no cão que estava amarrado à casota, quatro ovelhas, duas cabras, um bode, duas vacas de leite, coelhos e galinhas, nem o corvo de estimação de quem Sepião muito se orgulhava (porque até sabia falar francês) escapou, tudo morto, safaram-se dois ganços que andavam soltos e fugiram com o barulho dos tiros, e a criada que tinha ido à venda, avisada por alguém refugiou-se em casa do padre.

Os amigos não se chegaram enquanto não estourou o último cartucho, depois rodearam-no e levaram-no para o tasco do Paulino, só havia uma maneira de o segurar, embebedando-o, mas até o conseguirem, foram-se duas mesas três bancos e os queixos do Rocha que, tentando acalmá-lo lhe disse, “tem calma pá, ele não conseguiu fazer-lhe nada”.

Era já quase dia quando adormeceu, ele e mais cinco que por solidariedade o acompanharam na “piela”, conseguiram mantê-lo embriagado três dias, até que o padre tomou a seu cargo a gestão do caso. Acompanhou-o ao posto da guarda para formalizar a queixa e levou-o a falar com o médico que tinha assistido a mulher e lhe confirmou que não tinha havido violação, entretanto do Porto tinha chegado a irmã da Rosalinda para, por uns tempos, lhe fazer companhia.

Na aldeia vivia-se uma paz podre, temia-se que Sepião voltasse ou que o marido, que passou a andar sempre a “meio-pau”* fizesse alguma loucura, em casa da Rosalinda já restavam poucos móveis direitos, nas tascas já não era bem-vindo pois tornara-se no terror de copos, garrafas e não só.

A coisa estava neste pé quando, uma noite, já altas horas da madrugada, parou um carro desconhecido em frente à casa de Sepião, para pasmo dos que foram ver quem era, lá estava o profanador com mais quatro tipos grandalhões, primeira coisa a fazer, manietar o marido da Rosalinda, depois tocou o sino a rebate.

Quase não houve reação dos capangas perante o número de contendores, passados dois minutos, no máximo, estavam todos inanimados no chão, estava quase a raiar o dia quando os bombeiros, acompanhados da guarda, os conduziram ao hospital. Nesse mesmo dia, a meio da manhã, Sepião atirou-se do quarto andar, caindo em cima de uma cadeira de rodas de onde, há dois minutos, se tinha levantado a mãe do presidente da câmara, teve morte imediata.

Estava limpa a honra do marido da Rosalinda, mas ficou o vício do álcool, nunca mais foi o mesmo, foi-se a força, até, para dar ao zarelho nas feiras.

Rosalinda passou a viver desolada, preferia não ter saia suficiente para os filhos se agarrarem, nunca mais engravidou, e os preservativos causadores da sua desgraça continuaram todos dentro do envelope.

PS:
Na comoção da narrativa esqueci de referir que Sepião, logo que juntou dinheiro suficiente, enviou ao primeiro patrão o numerário que lhe havia roubado, acrescido de mais algum juntamente com um pedido de desculpa.
Ironicamente foi o homem, já muito velhinho, que o havia tirado da pasmaceira da aldeia, o único patrício que se deu ao trabalho de se deslocar a Freamunde onde viviam os dois filhos de Sepião, se realizaram as cerimónias fúnebres e onde foi a enterrar.

* Meio bêbado

NOTA: Esta história, e a do “Eufrásio”, pretendem ser uma singela homenagem à aldeia, e suas gentes, onde nasceu minha mãe.
Retrata de forma, exageradamente, ficcionada a vivência dos habitantes de uma terrinha da beira alta encravada entre serras, onde a luz chegou em finais dos anos 60 do século passado e a estrada só foi alargada e alcatroada após o 25 de Abril de 1974 pela tropa.
Tentem imaginar uma localidade após a Revolução dos Cravos, onde durante vários anos, não foi permitida (nas campanhas eleitorais) a passagem de caravanas dos partidos de esquerda, só “CDS” e “PPD”, o sino tocava mesmo a rebate e os “comunas” tinham de dar a volta.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

A balada da minha praia


E uma infinita tristeza,
Uma funda turbação
Entra em mim, fica em mim presa.
... Cai neve na Natureza
E cai no meu coração.
                                         

                                       Augusto Gil

Há-de chegar uma altura em que as pessoas sérias e honestas, se ainda as houver, terão que fugir a sete pés dos beleguins do governo. Têm ordem para nos prender e atirar a matar, se tentarmos escapar.
-Eh pá, quem te manda a ti, pregar regras de bom comportamento cívico? Não sabes que as teorias que defendes são subversivas? Estás preso e não vais apanhar menos do que 15 anos num campo de reeducação para aprenderes as novas regras de comportamento - diz-nos o chefe do bando captor.

Dizem que depois do dilúvio a terra será consumida pelo fogo. Cá para mim ela vai ser consumida pela corrupção conluiada com a sem-vergonhice, apoiadas pela falta de caráter e pelo egoísmo, que de freio nos dentes não para de se desenvolver ameaçando ocupar o diar da fraternidade universal celebrado a 1 janeiro de cada ano.
Os valores que no princípio do século 20 conduziam ao suicídio pela honra perdida, à vergonha de andar na rua, ao acabrunhamento e ao retiro da vida social, perderam-se vertiginosamente engolidas pelas sargetas num dia de forte chuvada.
Os escândalos aparecem em catadupa nos meios de comunicação. São os autarcas que continuam a gerir as suas câmaras mesmo depois de condenados, ou então são repescados para qualquer outro lugar economicamente compatível. Gestores públicos igualmente condenados ou oficialmente incriminados por gestão danosa, burla, aproveitamento ilícito, continuam a andar pelo mesmo passeio em que desprevenidamente passam os cidadãos sérios e íntegros.
São as fugas de informação que deviam ser salvaguardadas e aparecem na rua sem que alguma vez se saiba quem foram os faltosos, como acontece na justiça com os processos sob julgamento e nas escolas públicas com os exames.
Quando se poderia pensar que depois de 1974 os “canudos” só poderiam vir a ser adquiridos com muita aplicação e bons resultados, e não comprados por papás endinheirados, eis que assistimos a compadrios que permitem passar diplomas sem frequência nas matérias, ou obtidos de um ano para o outro em qualquer universidade (quase sempre privada).
Os cargos superiores de qualquer multinacional instalada em Portugal são preenchidos pelos candidatos com melhores médias nos seus cursos.
No Estado, os lugares são preenchidos pelo compadrio de uma falsa elite, que necessita de um Dr. ou de um Engº. antecedendo o seu nome próprio.
E assim, “step by step”, afundamo-nos, trágica e definitivamente!
A.M.

DESPEDIDO


Mais uma voz do NORTE silenciada.

A direção de informação da “RTP” decidiu prescindir da participação de Júlio Machado Vaz como comentador desportivo no programa “Trio de Ataque”.

Muito tranquilo, como é seu timbre, Júlio M. Vaz despediu-se dos telespetadores mencionando que, de adeptos de todos os clubes recebeu parabéns pela postura adequada que manteve no programa, onde defendia o Sport Lisboa e Benfica.
Como foi o único que se despediu, depreende-se que Rui Oliveira e Costa continuará a defender o Sporting Clube de Portugal, e Miguel Guedes o Futebol Clube do Porto, Hugo Gilberto também deverá continuar como moderador.

Na mudança, não é difícil calcular que terá partido do orelhas (Luís Filipe Vieira) alguma forma de pressão sobre a direção de informação, primeiro porque o Júlio é do Porto, segundo porque não alinha na “boatagem “ própria dos “patrões” do salão de festas do FCP, terceiro (quiçá a razão mais forte), porque estando (JMV), intelectualmente, muito acima do presidente e dos comentadores dos lampiões, estes deviam sentir-se incomodados.
Aguarda-se agora para ver a cara do parvalhão recrutado para o substituir, não deve diferir muito do anedótico Rui Gomes da Silva, estou mesmo tentado a arriscar o nome de João Malheiro que há muito anda aos caídos, eu gostaria mais de Ricardo Araújo Pereira, sempre é cómico, António Pedro Vasconcelos está xexé, e João Gobern não é porque saiu há muito puco tempo.
A ver vamos.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

O EUFRÁSIO DA CREMILDE FOI PRESO (ficção)



Não sei se o nome Paciência era próprio se alcunha, sei que era assim chamado o, há muito falecido, marido da senhora Cremilde, que morreu relativamente novo, ainda hoje na aldeia não se usa o costumeiro “morreu como o cão do Miguel”, mas, “morreu como o Paciência”, quando querem dizer que alguém faleceu de forma estranha e ou violenta.

Na aldeia todos sabiam que a Cremilde “acertava o passo” ao marido, não o diziam “à boca pequena”, frequentemente, e em público, qualquer fedelho perguntava, “ó Cremilde, fá fod..te as trombas ao teu homem hoje?”. Ela não se amofinava, sorria até, demonstrando alguma vaidade.

O pobre desgraçado deve ter nascido fadado para a desgraça, lá em casa era o único que “vergava a mola”, andava à jorna para toda a gente, e quando não havia trabalho fora ocupava-se de uns terrenitos de onde tirava o sustento para ele, para a mulher e dois filhos.

Um belo dia, logo de manhã cedo, vi-o passar junto à casa da minha tia, ia com um braço todo ensanguentado, à tarde voltou da sede do concelho com o mesmo braço engessado, disse-se que o burro lhe ferrara. Nesse mesmo dia o Paciência foi para longe abandonar o burro, mas ao outro dia, à noite, o burro voltou e pôs-se a zurrar em frente à casa para lhe abrirem a porta da loja. Fazendo jus ao nome, o marido da Cremilde acolheu-o novamente, antes não o tivesse feito, passado pouco tempo o asnático voltou a ferrar no dono, só que desta na cabeça, matando-o, logo começou o falatório, todos na aldeia responsabilizavam este ou aquele da casa, menos o burro, pela morte do desgraçado.

Certo é que veio a guarda, uma ambulância, levaram o corpo para autopsiar, fez-se uma coleta, enterrou-se o homem, o burro permaneceu, e a vida continuou.

Da união do falecido com a Cremilde haviam nascido dois rebentos, que se dizia poderem ser filhos de qualquer um da aldeia menos daquele a quem chamavam pai, o Josué, o mais velho que ainda novo, para fugir à tropa, foi a salto trabalhar para as minas de carvão das Astúrias e por lá morreu com a doença do silicone nos pulmões, nunca mais regressando à terra que o viu nascer, nem mesmo depois de morto, e o Eufrásio.

Cremilde era uma mulheraça de finas feições, se não se reparasse na bigodaça, pró alto, anca e peitos volumosos que fazia questão de exibir fizesse frio ou calor.

Era conhecida nas terrinhas todas, ali à volta, onde houvesse feira, ela ia a todas, ia e vinha, outras vezes ia e ficava por lá uns dias quando era apanhada em flagrante naquilo que melhor sabia fazer, roubar carteiras, constava que nunca foi parar a uma prisão porque os guardas a obrigavam a devolver o que tinha roubado conseguindo assim que a perdoassem, depois mantinham-na no posto por uns tempos até que, começando pelo comandante seguindo-se as praças, todos se servissem dela até ficarem satisfeitos, e ela não se importava, pois nos dias de festa lá da terrinha os guardas passavam sempre por casa dela, depois da procissão lá estavam os cavalos brancos amarrados na argola da tasca do Paulino que ficava mesmo defronte.

Nas suas andanças pelas feiras, Cremilde fazia-se sempre acompanhar pelo filho mais novo, adivinhava-se o futuro do pequenote.

Por volta dos 13/14 anos, Eufrásio tornou-se num adolescente extremamente violento, batia em todos, novos, velhos, homens, mulheres e crianças, chegou mesmo a dar um enxerto de porrada ao sacristão, ao coveiro, que era seu tio, tentou enterrá-lo numa cova que estava a abrir para o Megilde que se tinha suicidado com remédio do escaravelho, não tivesse o Arménio (coveiro) gritado a plenos pulmões por socorro e ia “desta para melhor”.

Eufrásio arriou impunemente em toda a gente menos no padre e no regedor, até que um dia abriu a cabeça ao primeiro e o segundo espetou com ele num reformatório onde permaneceu até à idade da tropa, nem foi a casa, assentou praça diretamente.

Iniciou-se então uma nova rotina, com regularidade aparecia na povoação um jipe da tropa, vinham buscar o recruta que saía de fim-de-semana e não regressava ao quartel, por lá ficava uns tempos de castigo até que lá aparecia novamente o carro com a polícia militar.

Feita a recruta o nosso herói foi mobilizado e foi “bater com os costados” na Guiné, devido aos constantes castigos por lá ficou quase cinco anos, quando regressou trazia pelo braço uma senhora da cidade, era uma das madrinhas de guerra que, graças aos aerogramas que eram de borla, conseguiu engatar, e com ela casou passado muito pouco tempo.

Entretanto Cremilde, sua mãe, tinha desaparecido, ninguém se importou, constava que tinha fugido para o Brasil com alguém da terra ao lado que nunca mais ligou à mulher e aos filhos.

Como nunca tinha feito nada na vida e sem qualquer fonte de rendimento, Eufrásio decidiu tornar-se proxeneta da própria esposa, como fazia com sua mãe voltou às feiras, obrigava a mulher a prostituir-se, e se o cliente estivesse endinheirado roubava-o.

A senhora, cujo nome nunca soube, conseguiu, numa ocasião em que o marido estava a emborrachar-se no tasco, ir a casa do Sepião que era quem recebia o correio e tinha telefone público, telefonou para casa de familiares a contar a sua desgraça e nesse mesmo dia chegou um carro de praça que a levou, nunca mais o Eufrásio lhe pôs as vistas em cima.

Sem mulher nem dinheiro resolveu emigrar, passado algum tempo, duma povoação pegada, veio a novidade, alguém que também tinha decidido tentar a sorte no estrangeiro contou que tinha trabalhado com ele no Iraque, andava nas obras, a construir os palácios de Saddam, por lá, ou por outras paragens ficou muito tempo até que voltou, ninguém o reconhecia, magro, velho, mal-ajambrado, e sem uma mão, voltou maneta.

Contou a um primo que o apanharam, lá, no Iraque, a roubar e… Zás, mão direita fora.

Sem a mão que tinha arte, para roubar, decidiu dedicar-se à pedincha, andava de terra em terra a bater de porta em porta, mas levava com ele a fama que tinha granjeado em novo, ninguém lhe dava nada, antes pelo contrário, corriam-no quase sempre à pedrada.

Voltou a desaparecer uns tempos, mas como quem é vivo sempre aparece, alguém da terra o viu a mendigar em Lisboa exibindo o sítio da mão que lhe amputaram no Iraque.

Os anos passaram e o Eufrásio acabou recolhido numa instituição de beneficência, mais um par largo de anos se passou até que, ontem, lá estava uma notícia no jornal, Eufrásio tinha sido detido no albergue onde sobrevivia, tinha molestado sexualmente uma assistente social idosa deixando-a às portas da morte.

O jornal andou de mão em mão, o Eufrásio ia ser patife até morrer,

Com graça alguém disse, “vá lá, anda com sorte, está cá, olha se fosse no Iraque”.   

domingo, 1 de julho de 2012





















Já perdemos a glória
Impõem-nos silêncio e calma
Querem tirar-nos a memória
Já só os sapatos têm alma.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

PARECE QUE QUEREM MATAR O REI


Todos sabiam que a saúde de Eusébio está bastante debilitada, porque o levaram para o europeu de futebol?
Não é fácil imaginar quanto vão custar os exames médicos e o seu internamento, se a isto juntarmos o custo da sua evacuação em avião medicalizado não é difícil deduzir que se vai gastar uma fortuna.
Espero que a filha do Pantera Negra, aquela que tem dois cursos superiores, se tenha deslocado à Polónia para acompanhar a retirada do pai não vá acontecer-lhe alguma coisa durante o voo.
Um funeral de Estado, nesta altura do campeonato, dava um jeitão ao Governo e ao Presidente da República.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Fernando Ulrich - Presidente do BPI




Falando aos jornalistas à margem de uma palestra, no quadro da Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEG) a que pertence, o gestor bancário disse que há sectores de atividade e segmentos da população "que ainda têm alguma margem de manobra" para uma eventual aplicação de mais medidas de austeridade.
IMAGINE-SE QUE ELE NÃO ERA CRISTÃO!

segunda-feira, 25 de junho de 2012

"Remessas dos emigrantes sobem para níveis de há 10 anos"

Os emigrantes não enviavam tanto dinheiro para Portugal desde 2002. 


O aumento da emigração e as dificuldades do País podem estar na origem de uma inversão de tendência, diz o Diário Económico.
 
As remessas de emigrantes portugueses voltaram a aumentar, após a quebra sentida em anos de crise, como 2008 e 2009, e depois de terem estagnado no último ano. 
Escreve hoje o Diário Económico que os dados divulgados pelo Banco de Portugal mostram que os emigrantes portugueses enviaram 822,4 milhões de euros para o País nos primeiros quatro meses do ano, o que representa um aumento de 17,6% face ao homólogo de 2011, e é mesmo o valor mais alto da última década.


Esta notícia do "DN" (on-line) vem demonstrar que a maioria dos emigrantes portugueses estão com a sua terra natal, alguns que eu conheço, e outros (que se desdobram a dizer mal de Portugal) são uma insignificante minoria.

ZUM-ZUM? SÓ?



Fonte, mais ou menos, bem informada disse-me que a privatização da Caixa vai voltar (introduzida pelos jornalistas que pediram suspensão da carteira profissional e agora trabalham para o Governo) aos noticiários e jornais, os governantes querem sondar a reação popular, o Primeiro-Ministro já deixou claro que pedir novos sacrifícios aos portugueses não é o caminho.
Passos Coelho já defendeu, publicamente, a privatização, temo que o zum-zum tenha fundamento, já foram quase todos os anéis, agora vão os dedos.

domingo, 24 de junho de 2012

BOM S. JOÃO, OU, AINDA HAVERÁ ARROLADOS?

No tempo em que os anos ainda não me pesavam era com ansiedade que aguardava as três noites, Passagem de Ano, Carnaval e S. João.
A juventude da minha geração passava as passas (do Algarve) da terra do manhoso (Cavaco Silva) para conseguir desenfiar-se uma noitita fora de casa, não era muito difícil em época de exames, dizíamos que íamos para casa de um colega estudar, e como o telefone ainda era um luxo, e ir a casa do colega perguntar ficava mal, quase sempre pegava.
Noutras ocasiões perdia horas, dias, e até semanas a inventar um barrete que o velho podia enfiar ou não, mas havia aquelas três noites, quando chegavam, o roteiro já estava mais que definido.
Os mais surrelfas, não era o meu caso, quando se estivessem a aproximar as (tais 3) noites de ramboia andavam direitinhos que nem um fuso, parecia que não quebravam um prato, uns autênticos meninos do coro, não fosse sair castigo, e, se por acaso ouvíssemos, “na noite de … ficas de castigo, não sais de casa”, a trabalheira que dava tentar virar o capacete ao pai.
Às primeiras investidas, que eram quase sempre acompanhadas de um “ó mãe, não queres que te ajude a fazer nada?”, recebia-se um “não me chateies, isso é com o teu pai”, dava-se algum tempo, não fosse a coisa em vez de resultar agravar-se, e voltava-se à carga, uns beijinhos à velhota ajudavam muito, “ a minha chamava-me “sendeiro”, que raio de nome.
Um pouco de graxa a um vizinho por quem os pais tivessem consideração às vezes dava, mas bom mesmo era a visita´, a nossa casa, de uns tios da aldeia que gostassem de nós, uma cunha deles era tiro e queda, resultava sempre.
O meu tio Alfredo, que era gago e portista, Deus o tenha, se chegasse a minha casa e me visse lá dizia logo, “eeeentão raaaapaz, queeeee, fiiiizesssste deeeesta veeeez?”, é que visitas não era comigo, se não precisasse de nada punha-me na alheta, não estava para ouvir a conversa de sempre, “o fulano ainda é vivo? Quantas pipas de vinho deu esta ano a vinha da seara? O padre ainda é o mesmo?”, era sempre a mesma lenga-lenga, a fruta da época que eles traziam por costume e que era novidade comia-a ao outro dia.
Chegadas as noites era eu o primeiro a abeirar-me da mesa para jantar já com o banhinho tomado, mal o meu progenitor entrava na sala sentia de imediato o peso do seu olhar, sentava-se, a seguir a minha mãe, e só depois eu, e o raio do olhar dele em cima de mim.
Era sagradinho, uma ou duas colheradas de sopa e lá vinha a pergunta dirigida à minha mãe, “ele tem-se portado bem?”, mesmo que a minha conduta não tivesse sido muito abonatória jamais a minha santa mãe me deixou ficar mal, ela sabia que com a sua atitude ganhava mais uns beijinhos, antes de acabar de comer ainda ouvia uns tantos considerandos sobre os malefícios de comer muito depressa, e como o senhor Manuel (meu pai) comia devagar nesses dias…
Acabado o repasto havia que ajudar a levantar a mesa e correr para o quarto para vestir, numa dessas belas noites quase que tive de voltar para trás, fui salvo pela minha mãe que disse ao meu pai, “deixa lá homem, agora usa-se”, o meu pai queria que eu mudasse de roupa, culpa de umas calças à boca-de-sino.
Descia três andares em segundos, eu já sufocava, a porta da rua e…Ar puro, parecia que tinha entrado noutro mundo, sentia mesmo uma doce vertigem que me inebriava.
Depois as noites eram iguais às dos outros putos da classe média da minha criação, passavam muito depressa.
Quando já nos arrastávamos para casa cruzávamo-nos com os de sempre, os velhotes lá da rua que tinham ido para a cama depois do fogo-de-artifício e de manhã cedinho saiam à rua para ver os arrolados.
Arrolados eramos nós os que já não podíamos com os pés mas tínhamos de chegar a casa e os outros, os que não aguentavam mais e dormiam um sono pegado em qualquer lugar, a Avenida dos Aliados tornava-se uma autêntica camarata, os relvados que ladeavam os jardins, e os bancos, registavam quase sempre lotação esgotada.
Foi ao recordar-me do termo arrolados que hoje encontrei uma justificação válida para as aberrantes alterações que a autarquia (liderada pelo senhor Doutor Rui Rio) fez na referida avenida, já imaginaram o espetáculo que seria para os riquinhos que pernoitam (a peso de ouro) no super/híper Hotel das Cardosas mesmo ao fundo da Avenida dos Aliados?
Por maior que seja a fadiga não acredito que haja quem se arrisque a descansar o “esqueleto” nas pedras que substituíram os macios relvados.

BOM S. JOÃO PARA TODOS.