quarta-feira, 4 de julho de 2012

A balada da minha praia


E uma infinita tristeza,
Uma funda turbação
Entra em mim, fica em mim presa.
... Cai neve na Natureza
E cai no meu coração.
                                         

                                       Augusto Gil

Há-de chegar uma altura em que as pessoas sérias e honestas, se ainda as houver, terão que fugir a sete pés dos beleguins do governo. Têm ordem para nos prender e atirar a matar, se tentarmos escapar.
-Eh pá, quem te manda a ti, pregar regras de bom comportamento cívico? Não sabes que as teorias que defendes são subversivas? Estás preso e não vais apanhar menos do que 15 anos num campo de reeducação para aprenderes as novas regras de comportamento - diz-nos o chefe do bando captor.

Dizem que depois do dilúvio a terra será consumida pelo fogo. Cá para mim ela vai ser consumida pela corrupção conluiada com a sem-vergonhice, apoiadas pela falta de caráter e pelo egoísmo, que de freio nos dentes não para de se desenvolver ameaçando ocupar o diar da fraternidade universal celebrado a 1 janeiro de cada ano.
Os valores que no princípio do século 20 conduziam ao suicídio pela honra perdida, à vergonha de andar na rua, ao acabrunhamento e ao retiro da vida social, perderam-se vertiginosamente engolidas pelas sargetas num dia de forte chuvada.
Os escândalos aparecem em catadupa nos meios de comunicação. São os autarcas que continuam a gerir as suas câmaras mesmo depois de condenados, ou então são repescados para qualquer outro lugar economicamente compatível. Gestores públicos igualmente condenados ou oficialmente incriminados por gestão danosa, burla, aproveitamento ilícito, continuam a andar pelo mesmo passeio em que desprevenidamente passam os cidadãos sérios e íntegros.
São as fugas de informação que deviam ser salvaguardadas e aparecem na rua sem que alguma vez se saiba quem foram os faltosos, como acontece na justiça com os processos sob julgamento e nas escolas públicas com os exames.
Quando se poderia pensar que depois de 1974 os “canudos” só poderiam vir a ser adquiridos com muita aplicação e bons resultados, e não comprados por papás endinheirados, eis que assistimos a compadrios que permitem passar diplomas sem frequência nas matérias, ou obtidos de um ano para o outro em qualquer universidade (quase sempre privada).
Os cargos superiores de qualquer multinacional instalada em Portugal são preenchidos pelos candidatos com melhores médias nos seus cursos.
No Estado, os lugares são preenchidos pelo compadrio de uma falsa elite, que necessita de um Dr. ou de um Engº. antecedendo o seu nome próprio.
E assim, “step by step”, afundamo-nos, trágica e definitivamente!
A.M.

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