domingo, 30 de outubro de 2011

E o Povo pá?

Antes do 25 de Abril algumas datas significavam revolta, panfletos lançados na praça ao fim da tarde e carga policial, o 31 de Janeiro começava sempre com uma acalmia estranha, as ruas sem polícias de giro, os carros da polícia fora da garagem e os “carros da água” em destaque.
 Após a hora de almoço as esquadras ficavam a abarrotar, à concentração de forças chamavam prevenção, começavam a ver-se capacetes (cinza claro) de protecção e algumas lojas da então chamada Rua de Santo António não reabriam.
Pelas 15 horas começavam as movimentações, as carrinhas a levar a polícia de choque para os pontos estratégicos, grande parte concentrava-se na Rua da Madeira, os grupos de pessoas, nunca mais de cinco, a passear (sem nunca parar) junto à estátua de D. Pedro da Praça da Liberdade e por volta das 17.30/18 alguém gritava “VIVA A LIBERDADE”, viam-se panfletos no ar, rebentavam petardos e a “monaria” carregava, um simples “não fosses para lá” justificava a acção repressiva e brutal.
Seguiam-se as detenções coordenadas por uns senhores à paisana que pelo soleno batiam com umas mocas.
Invariavelmente durante uns dias os policias, mesmo os considerados porreiros, eram olhados com desdém.
O Povo revoltava-se, hoje não.
Hoje ficamos por uma postas, não partimos nada, não berramos, não xingamos, o povo já nem pixa.
Vamos ficar sempre assim rendidos?
Quero acreditar que não.

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