domingo, 26 de fevereiro de 2012

Carlinhos da Sé, do Porto.



Há já uns anos se fala (muito) do lobby gay, não sei se a promoção política de Paulo Portas (que dizem ser travesso) tem a ver com o caso, sei que quando se abordava o assunto me vinha à lembrança o Carlinhos da Sé que conheci era eu miúdo.
Aquando da inauguração do monumento a Deocleciano Monteiro, o Duque da Ribeira, gracejei, “o Duque era querido pelas gentes da zona ribeirinha do Porto foi homenageado, o Carlinhos da Sé que foi o primeiro paneleiro assumido também merecia uma estatua erigida pelos seus pares que se diz terem muito poder”.
Há dias procurei no Google se haveria alguma coisa sobre a “D. Carlota”.
Foto não havia, encontrei alguns textos, no blogue “Fiel Inimigo” - http://fiel-inimigo.blogspot.com escrevia “CARMO DA ROSA”

“Não tem muito a ver com o assunto, tanto melhor, mas vejam lá que ambos (eu e o meu amigo) ainda chegamos a ver ao vivo o Carlinhos da Sé (que Deus tem) a pavonear-se na Invicta entre a rua Escura e a rua da Banharia. O leitor que conheça bem o Porto, pergunta-se imediatamente - o que andariam a fazer dois jovens de Gaia com 13 anos de idade nestas vielas do pecado? Bem, não têm nada a ver com isso…
Para os que não conhecem o Porto (é triste mas acontece a muito boa gente) aqui vai uma curta descrição do Carlinhos, a referência por mim utilizada para situar a amizade no tempo: É preciso compreender que o personagem nos anos 60 era de longe mais famoso que o Pinto da Costa, tendo sido talvez a primeira grande bichona assumida da cidade do Porto, contribuindo à sua maneira para uma maior aceitação dos homossexuais na região do Porto.
Era vendedor ambulante de sutiãs e roupa interior e vestia normalmente um avental por cima de calças de terylene pretas muito justas à sua enorme peida de hermafrodita. Gabava-se publicamente de responder torto à autoridade quando a situação assim o exigia.”


José Martins - http://comunidade.sol.pt/blogs escreveu

“O CARLINHOS DA SÉ

Algum "Maralhal" que ler esta prosa, certamente que nunca ouviu falar no " Carlinhos da Sé".
Mas os rapazes da minha idade e com menos uns 10 anitos, tenham vivido no Porto  Gaia e arredores, ouviram e conheceram a figura típica da cidade tripeira o "Carlinhos da Sé".
O Carlinhos, um maricas que se movimentava, durante o dia e noite, caminhando pelas calçadas e vielas da Sé com uma cesta no braço cuja mercadoria eram calcinhas de senhoras, coletes (chamam-lhe agora "soutiens") para segurar os peitos das mulheres; meias e atilhos para as apertar nas coxas.
O "Carlinhos da Sé", oferecia festival de riso aos transeuntes quando com eles se cruzava na Mousinho da Silveira, Largo dos Loios e Caldeireiros.
As potenciais clientes da mercadoria do Carlinhos eram as "p***s" das casas de tia que abundável pela baixa tripeira.
Havia uma onde não tinha clientes: "A Micas da Boa" logo à entrada da Rua de Camões e do lado da Alferes Malheiro. As "p***s" da "Micas-da-Boa" era para os "bem-bens" do burgo tripeiro a 100 escudos a "rodada" e um dinheirão para a época!
Não se conheceram sortidas amorosos ao "Carlinhos da Sé" ou que tenha andado de amores com algum "rufia" ou azeiteiro da Rua Escura ou da Bainharia.
Era o "Carlinhos da Sé" de calças de perna curta que lhe apertavam o traseiro de tal forma a dar-lhe a aparência de "rabo" de "matrona" nutrida e de boas carnes.”

Na internet não encontrei nenhuma foto, decidi procurar quem a tivesse e encontrei, a D. Fina da Rua Escura tinha uma que de imediato me emprestou, já que estava no terreno tentei saber mais, como se chamava realmente, a idade, se era natural do Porto, foi como se se tivesse esfumado, na junta de freguesia, nada, fui mesmo ao Bairro do Aleixo, nada, soube no entanto que a D. Mariazinha da “Casa da Mãe Preta” na Ribeira seria, às tantas, quem mais dados me poderia fornecer.
Acontece que a senhora está doente e não pude chegar à fala com ela, acabei por ficar, só, a saber que, supostamente, o Carlinhos terá morado na Rua das Aldas, junto ao Terreiro da Sé tendo-se mudado para a Rua dos Mercadores, vindo a falecer quando morava na Rua dos Canastreiro (zona do Barredo), parece que, no andar assinalado na foto.
Já que por ali andava lembrei-me de outra figura do sítio, o Esterco da Ribeira, um estivador de nome Paranhos que sendo analfabeto falava várias línguas, o Esterco ainda é vivo, mora num lar, e eu disse que falava porque pelos vistos perdeu a fala, estou a tentar arranjar mais elementos sobre ele, e a foto, claro.
PS: Antes de divulgar aqui a foto do Carlinhos da Sé tentei infrutiferamente contactar com Germano Silva de quem sou leitor, não sei se ele já escreveu sobre a figura, se terá a foto, gostava de lha dar, não consegui.

2 comentários:

  1. Têm razão o Carlinhos da Sé é uma das pessoas que ouvi falar na minha adolescência, bastante conhecido na época mas pela negativa, não tem nada a ver com o Duque da Ribeira, que era o Guardião do RIO DOURO

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  2. Com o Carlinhos da Sé cruzei-me várias vezes, com o Duque da Ribeira andei muitas vezes no seu caíco já que parava muito pela Ribeira, claro que eu gracejava, atrevo-me no entanto a afirmar que viria muito mais gente dos arredores à cidade para ver a D. Carlota que para ir ao Palácio de Cristal ver o chimpanzé Chico ou o leão Sofala.
    Cumprimentos.

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