SOPPAS
Pessoas formavam uma enorme fila, na Cidade do Porto. Aproximei-me e constatei que iam por uma sopa. Na eminência de também um dia precisar, indaguei o que seria preciso fazer para ter direito a uma sopa. Disseram-me que todos os desempregados eram contemplados e que conforme ter ou não ter subsídio de desemprego determinaria se uma sopa por dia ou duas ou três por semana.
-“Mas quem é que dá?. É a Cáritas, a Cruz Vermelha, a Santa Casa, o Coração da Cidade, o Banco Alimentar,?,perguntei”
-“Não. Quem dá é a filial da SOPAS, sediada em Lisboa”.
-“Mas o que é a SOPAS?
-“É a “Sociedade Política Para Assistência Social”, recentemente formada por políticos, com o objectivo de demonstrar, nesta época de crise, solidariedade para com os desempregados e outros reformados pobrezinhos.
-“Quem? Como o Cavaco?”, retorqui, galhofando. A conversa foi por ali fora e fiquei elucidado de que os deputados, sendo acusados de ganharam balúrdios, mais ministros, presidentes de câmaras, vereadores, presidentes de juntas, decidiram colmatar uma grave falha de ausência visível de solidariedade para com os portugueses mais desgraçados. Assim, embora não abdicando de ganhar ao nível da média europeia, acharam que esta seria a melhor maneira de ajudar a matar a fome. Disseram-me que cada deputado, sócio da SOPAS, dava cem euros por mês e que cada câmara contribuía, em média, com mil euros. Mais: que os antigos políticos, agora gestores das empresas públicas, são às os que, num gesto de como gratidão, os que mais dão!
Todo somado, a SOPAS arranjava dinheiro para perto de um milhão de sopas!
De repente, vi Cavaco na fila! Estremeci e acordei. Não foi por o ter visto na fila, mas sim porque me revoltei por ele ter emprego e dizer que mal ganhava para as despesas. Ainda precisava de estar na fila?
Afinal, tinha sido um sonho, mas aquela ideia da SOPPAS ( Sociedade Política Para Assistência Social) não seria mal lembrado, não senhor. Além do mais, os nossos políticos mostrariam a sua solidariedade, como de costume. Se não começaram mais cedo foi porque eu não tinha sonhado com a SOPPAS! Mas, nunca é tarde.
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Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo
Gondomar
Dos sonhos à realidade vai um pequeno passo. Se calhar ainda iremos ver o SOPPAS a funcionar... quando a Grécia der o último suspiro e os abutres caírem em cima de nós... não tardará muito, não.
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