terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Passaram oito anos!

    Quando na segunda metade de 2003 fiz o primeiro comentário no malogrado “Desabafe Connosco”, espaço que o JN disponibilizou numa das suas páginas eletrónicas, logo um usuário do dito me apelidou de burro. Não fiquei ofendido. Nadica de nada.
     Tempos atrás tinha lido em “A vida íntima das palavras” do linguista brasileiro Deonísio da Silva, que o escritor (também brasileiro) João Gilberto Rodrigues da Cunha, num dos seus romances, tecia considerações sobre o burro. Dizia ele: “Burro é inteligente. Aprende ligeiro, sabe que seu dono é o patrão, que vai levá-lo para boa água e bom pasto, se cumpriu a sua obrigação. Mas é igual gente, tem manhas, gosta ou desgosta das pessoas e coisas, e mostra isso no comportamento: com cavaleiro estranho ou antipático, ele empaca, dá rabichada, endurece o queixo e, se leva esporadas, sai riçando a perna do coitado em lasca de aroeira ou fio de arame farpado”.      Por isso resolvi, no registo dos comentários que fui fazendo passar a classificá-los, como referência de arquivo, do termo “Burro”. No princípio de janeiro de 2004 já ia no “Burro 69”.     
Escrevi então:     
Por mais que tente não consigo livrar-me dos americanos e dos americanistas. Abro o jornal ou a televisão e aí estão eles debitando sentenças tentando insuflar-nos a sua cultura, corrigindo os nossos erros, determinando os nossos caminhos. Até pela boca do meu neto:     
- Ó vô, vamos ali comer um “big mac”!     
Tenho dois amigos americanos, que conheci num curso de eletrónica que tirei na Holanda, que são duas máquinas que muito estimo. São muito diferentes. Um pensa como o John, só com a diferença que se cala quando perde a razão. Ao outro, que faz as mesmas críticas que eu faço sobre a influência americana na vida de outros povos, perguntei-lhe um dia:    
- Ouve cá ó Miles, também te chamam antiamericano?      
Riu-se.      Conheço muito mais americanistas . Ele é o Luís Delgado, o Ribeiro Ferreira, a Mary, o John, um senhor que sabe tudo e agora não me lembro o nome, e claro, antes que me esqueça, o nosso Primeiro-ministro. Ainda não consegui determinar quem são os mais ferrenhos. Sem querer ofender ninguém diria mesmo: - entre uns e outros venha o diabo e escolha!     
Ora vejam lá que, por acaso, só por acaso, penso eu, alguém resolveu organizar um congresso de psicologia ou qualquer coisa assim. Por coincidência foi convidada uma senhora norte-americana (que sina a minha) que dá pelo nome de Elisabeth Loftus, como especialista em deteção, não de minas, mas de mentiras. Uma espécie de detetor com saias. E quando se julgava que só vinha participar no congresso, eis que é convidada para ir a tribunal explicar as metodologias que devem ser utilizadas para determinar se as crianças vítimas de pedofilia estão ou não a falar verdade.
Sei muito bem que ainda não conseguimos vencer esta nossa pecha de considerarmos que tudo o que vem do estrangeiro é melhor, mas neste caso acho que passaram as marcas. A manigância para tentar baralhar o jogo e desacreditar o processo “Casa Pia” ficou bem à vista.    
E os patrocinadores deste evento também!
A.M.
   

2 comentários:

  1. Ó Mata, voltemos aos lírios... Ando com falta de flores, de perfumes quentes, que me façam esquecer do frio que, por aqui, se tem feito sentir.

    Veijios pra ambos

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  2. Quanto às receitas vindas de fora, às metodologias de especialistas, mandêmo-las às favas, nada como fazer o que nos manda o coração, seguindo os nossos próprios instintos.

    Mais veijios

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