segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
Carta ao cidadão presidente
Carta ao cidadão Presidente.
Creia, cidadão Presidente da República, que foi como uma facada, desferida no meu orgulhoso peito de português, que tomei conhecimento da sua confissão; de que a sua reforma não dá para cobrir suas despesas! Só lhe fica bem dizer republicanas verdades verdadinhas. Se o diz, quem sou eu para duvidar?!, é porque é assim mesmo. Aliás, vê-se bem que o cidadão presidente não tem engordado no desempenho da sua função. É porque passa dificuldades! Sim, porque não devemos duvidar de que um cidadão, Presidente da República Portuguesa, neste caso de todos os portugueses, não fala verdade.
A minha preocupação, para salvar a honra de Portugal, perante o Mundo, é tentar colaborar numa acção solidária, para evitar que o cidadão presidente vá para as filas do Banco da Fome e que todo o mundo saiba que Portugal não paga o suficiente para ter cama, mesa e roupa lavada! Não desespere. Tenha confiança na esperança de que, espontaneamente, Portugal, em peso, vai levantar-se para o ajudar. Não precisa de sair de casa. As provisões chegarão, discretamente, à cozinha. Se precisar de mesas e cadeiras é só dizer.
Só lhe peço, em troca, que não abra mais a boca. Não vá criar mais embaraços com a confissão de que ganha pouco e que Portugal é um país de tesos! Não. Conserve-se quietinho. Vá promulgando os decretos do Governo e deixe o tempo correr, que a maioria dos cidadãos abastados; os que tem mais de 200 euros de reforma, sempre lhe arranjarão algo para comer. Contudo, dentro do espírito de liberdade, conquistada pelo 25 de Abril, caso atinja o seu limite de sacrifício, até dizer basta, pode demitir-se e arranjar um lugar junto do Catroga. Quem sabe se depois aparecerá alguém que esteja disposto a ser Presidente a pagar e não sofrer o vexame de ser remunerado com uns trocados!
Esteja atento, porque no próximo peditório do Banco Alimentar, talvez haja um destinatário especial; Para Belém.
Creia que não será preciso uma estrela para guiar.
Atentamente
Silvino Taveira Machado Figueiredo
Cidadão da República Portuguesa
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