sábado, 17 de março de 2012
I love you - vou comer a minha sopa
Olá, pessoal.
Com as cruzes a ficarem suásticas, os bicos de papagaio a escarafuncharem-me as costas e mais umas maleitas genéricas, aqui estou eu, sábado, 17 de Março de 2012 (caramba, quase me esquecia que o ano é bissexto) para umas pequenas novas.
Pois bem, ainda vivo no mesmo sítio, acabei de fazer uma sopa de espigos deliciosa, que rima com preguiçosa, e vamos ver se ainda sei postar sem ter de abrir o manual de instruções.
De manhã choveu um pouquito e, por entre uma nesga de sol, fui à Barra tomar café. Mas, antes, passei pela minha hortaliceira, onde comprei, além dos espigos, uns verdinhos grelos, uma alface, cebolas e batata-doce.
Não paguei logo, estava sem dinheiro, ou melhor, só tinha cinco euros. Mas, com crédito de 14 anos de fidelidade, não foi problema fiarem-me a hortaliça. Só quando cheguei a casa reparei que me tinha esquecido dos alhos. Para a Mulher Lua não seria problema mas, para mim, estar sem alhos em casa representa uma pequena tragédia.
De seguida fui à fruta. Comprei as pêras e as maças do costume, as de aviário, e mais umas bananas. Paguei-as com os meus miseráveis cinco euros, recebi um pequenito troco, fui ao peixe…
O meu peixeirinho e o seu staff estavam assoberbados com trabalho. Foi enquanto me amanhavam a dourada, as lulas e a pescada que foi à esplanada cor-de-rosa, onde, não fosse a prontidão do empregado em limpar a cadeira, quase molharia as calças vermelhas, com os restos de chuva ainda persistentes na cadeira metálica. Não sem antes ter ido à parede enriquecer o meu porta-moedas com quarenta euros para pagar os recentes calos, não fossem eles ficar duros. Também fui à farmácia comprar uma nova pílula de sobrevivência reumatóidica. É para o que está, caruncho, caruncho e caruncho.
Já com o fumo de um cigarrito nos pulmões, fui então levantar o peixe e fui à melhor padaria de broa cá do sítio comprar uma, ainda quente e a fazer crescer água na boca.
Já em casa, dei-me conta de que, hoje em dia, trabalhar sentada não é só apanágio dos alentejanos. Por causa das cruzes, dos bicos de papagaio e dos outros genéricos todos, arranjei os grelos e os espigos sentados, fiz uma lavoura digna de uma galinha a debicar erva e, finalmente, cozi a pescadinha, os grelos e a batatinha doce. Por acaso, ainda havia por aqui uma cabeça de alho, quase chocha, e foi o que me valeu para aromatizar o almoço. Afinal, também não ia depois dar beijos a ninguém e, que eu saiba, como andam muitos vampiros por aí à solta, a sugar-nos o sangue, nunca se sabe se eu não tenho um aqui em casa, escondido debaixo da cama, junto com os meus sapatos e a alimentarem-se, já em desespero de causa, com o meu chulé.
De resto, meus amigos, ando muito mudada. Deve ser da idade. Imaginem só que agora até vejo as novelas da TVI, à excepção dos Morangos com Açúcar e de uma transmitida imediatamente antes daquela do Mundão Viseense e da do Alentejo do tempo dos coronéis.
Não digo o nome delas porque não gosto de fazer publicidade gratuita e, quanto aos morangos, é só para dizer que, hoje em dia, os que andam à venda por aí, só me sabem a transexualidade. Pelo tamanho, devem ter uma mistura de abóbora-menina ou de tomate, que eu não aprecio.
De televisão não vejo mais nada. Odeio os telejornais, são deprimentes como a vida de muitas pessoas, infelizmente, por causa disso, tornei-me abstémia de notícias, embora me vão chegando ecos de algumas. Nomeadamente a da pobreza endémica do nosso PR, as chalaças dos Primeiro-ministro e seguidores. Perante todos eles, tento não me baixar muito pois, de contrário, um dia destes ainda me torno vítima de uma violação pouco ortodoxa. Hoje até queria muito estar desempregada para sentir aquela sensação maravilhosa de saber que, se quiser, posso ir ali ao Museu Santa Joana ver o que lá houver com um bilhete objecto de um belo desconto. Mas, mesmo sem bilhetes low cost, um dia destes sou bem capaz de ir por lá e levar uma cestinha de pãezinhos com fiambre ou queijo para distribuir pelos novos e cultos desempregados da região.
Meus queridos amigos, este ano não dispenso uma patuscada, de preferência depois da quaresma. Se ando um ano inteiro a fazer visitas ao meu peixeirinho e a comprar-lhe carapaus e sardinhas é para, uma vez de onde em onde, me empanturrar de presunto, salpicão, bucho, etc, etc.
Bom, vou acabar com a minha rotina de fim-de-semana, não vos ocupo mais o tempo e o espaço cerebral, animem-se porque a chuva, um dia, há-de voltar, mesmo ainda antes de D. Sebastião.
Termino a afirmar que também eu já deixei de estar em “quarentena” pelo Sporting, sou de novo Dragão, azul, às vezes até vermelha. Mas isso é só quando estou com raiva.
I love you. Vou comer a minha sopa.
Rafaela Plácido
Desculpem lá mas o meu novo word baralha-me toda
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ah ah ah
ResponderEliminarAdorei a crónica, demais...
Enquanto tu estás numa espécie de descanso, eu ando numa espécie de montanha russa, fónix!!!
Melhoras para esses ossos.
Veijios
PS: Claro que também não abdico duma patuscada, se marcada num dia em que a montanha russa esteja em manutenção.
OLá Mulher lua. Estou a ver-te, linda antes e depois do cabeleireiro, mas com a cabeça em água por causa das contas a Sul.
ResponderEliminarAbraçoX2
Rafaela Plácido