sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Fio de luz

FIO DE LUZ
Fiquei preso a um fio de luz,
Que me amarrou ao azul
Com um nó verde,
Ficando amarelo
Com o castanho do outono!

Eu pertencia a mim,
O fio azul, sem dono,
Levou-me,
Escondeu-se atrás do cinzento,
Não me largando!

O azul é bonito,
Mas, também satura!

Foi quando um raio
Cortou o nó verde,
Que me soltei do azul
E caí no castanho da terra,
Que também satura!
Por isso, d’outra cor da vida,
Ando à procura,
Que me amarre enquanto não satura!
……….xxxxxxxx…………
Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo
(Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque)
Gondomar
Uma Coordenada
Sou coordenada andante,
Ambulante,
Na vida a percorrer
Longitudes, latitudes diferentes,
Nunca sou o mesmo!

Nunca no mesmo sítio estou
De corpo e em pensamento!

Se ando por aí
É porque alguém me empurra
Enquanto ando por aqui,
Em coordenadas diferentes,
Nunca numa só!

Andarei, sempre
No ar frio ou quente,
A fazer o que sempre gostei;
A turistar!

Junto de vós, mesmo ao respirar,
Estarei presente!

Nunca estareis sós.
Faço parte de vós;
Do mesmo pó!
……….xxxxxxxxxxx………..
Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo
Gondomar

Troca de vogais nas fadas!

Troca de vogais nas fadas!

Quando de mim por aí saio
E volto a ser catraio,
Meus olhos saltam das órbitas, de espanto,
Ao ver o que o mundo que dizem que foi,
Que agora é
E do que talvez venha a ser,
Claro que para sempre melhor!

“para quem o torna pior”,
Penso eu,
Quando, para meu maior espanto,
Meus olhos, nas
Saem das órbitas,
Com quebranto,
Ao verem tanto desenvolvimento!
Tanta evolução!
Que leva os homens
A viverem com máscaras de gás
Contra a poluição que o Homem faz!

Todavia,
O petróleo dá boa poesia
De ser contra a pena de morte;
Hoje em dia imoral,
Já não se justifica,
Porque o mundo
Já é uma câmara de gás global!
Mas é bom ser criança,
Ouvir histórias da carochinha
E ter esperança!

Os problemas surgem quando
As crianças deixar de achar piada aos contos,
Entre os quais os das fadas,
E trocam as vogais!
Foi o que m aconteceu a mim!
Não sei se tarde de mais,
Porque quando de mim saio
E volto a ser catraio
Feliz não volto a meu canto,
E solto tristes ais
Quando das fadas troco as vogais!
………………….xxxxxxxxx……………..
Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo
(Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque)
Gondomar

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Puzzle poético

PUZZLE POÉTICO
A Natureza
Tem muitos versos
para se fazer um poema,
para à vida dar alegria:
pegue-se num bocado de deserto,
nele coloque-se um oásis,
uma montanha de verde,
uma de neve,
uma planície de verde,
um jardim florido,
um troço de rio,
um braço de mar,
aves a voar
sobre uma seara,
e, no final,
uma criança
com sorriso de esperança!
Então,
O poema ficará feito,
Quando a seara a todos der pão!
…………xxxxxxxx…………….
Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo
Gondomar

quarta-feira, 3 de julho de 2013

VERTENTES

VERTENTES
Das vertentes das montanhas
Descem correntes d’água,     
Que formam marés tamanhas,
Que pelos rios chegam à foz
E fazem largo mar!

Das vertentes dos nossos olhos
Descem rios de lágrimas;
Rios de mágoa do mar da tristeza
Que há em nós!

Se rios fazem mares,
Rios de lágrimas
Das nossas tristezas,
Das nossas ilusões,
Dos nossos desenganos,
Lágrimas não fazem só mares,
Mas sim oceanos,
Com grandes monções,
Onde se afogam amores
E corações!

Por que é que choramos?

Será que chorar é fazer mar
Para o barco da tristeza navegar?
……………xxxxxxxxxx……………..
Autor deste original e inédito:
Silvino Taveira Machado Figueiredo
 (Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque)
Gondomar

quinta-feira, 9 de maio de 2013

POEMA ROTO, POR ONDE ENTRA UM ARCO-ÍRIS!

POEMA ROTO, DUM CORPO
POR ONDE ENTRA UM ARCO-ÍRIS!

O tecido do tempo, que me cobre,
Está rompido
Pelo roçar das esquinas do tempo
Por ele passado;
Asperezas de esquinas de inverno,
Escaldões de verão
Insónias de luares
Excesso de doçuras primaveris!

No tecido, do tempo que me cobre
Há buracos por onde me entram estrelas,
Luares de lua cheia,
Brisas suaves e doces de mares!

Tecido velho,
Que há muito tempo me cobre!
Novo não há quem me deia,
E o velho me descobre!
Nele, rasgões de ilusões passadas,
Esperanças perdidas,
Nódoas nunca tiradas. Nunca saídas!
Porém, o maior rasgão que o tecido tem,
É por onde entra, no meu coração,
O arco-íris das cores que a vida tem;
Vantagem de tecido velho,
Que estando roto, pelo tempo,
Cobre menos por fora,
Mas mostra-me mais por dentro!
………..xxxxxxxxx………………..
Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo
(Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque)
Gondomar-PORTUGAL

quinta-feira, 25 de abril de 2013

25 DE ABRIL, SEMPRE!

Não tenho saudades da juventude
Mas tenho dos rapazes
Que comigo colaram cartazes

Logo após a revolução
Com a liberdade à mão
Já não havia dilemas
Minguaram os problemas
Que então eram enormes
Aqueles que quando dormes
Te atormentam os sonhos
Que nos pareciam medonhos
E afinal eram nada
A liberdade alcançada
Levou com ela a dor
O tempo era de amor
E de sorrisos abertos
Todos estávamos despertos
Para novas experiências
Podíamos ter exigências
Que há muito reprimíamos
Eramos gente, exigíamos
Ser tratados como tal
O mundo recomeçava
Meu querido Portugal.

terça-feira, 23 de abril de 2013

A COISA ESTÁ MESMO MAL


As grandes empresas, aproveitando a crise, já começaram a “sacudir” os administradores (políticos) nomeados para pagamento de favores, feitos ou a fazer.
E a comunicação social, sobre o assunto, nem um pio, tal como ninguém pia sobre a entrada de colaboradores da Controlinveste no governo, adivinhem lá nos braços de quem vai cair a RTP/RDP.
A Passos Coelho falta ainda cumprir o desígnio com que sempre sonhou, a privatização da CGD.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

BELMIRO DE AZEVEDO, O ELO.


Aníbal Cavaco Silva instrói o assessor para a imprensa (Fernando Lima) no sentido de difundir através do jornal “Público” os seus receios quanto à confidencialidade dos equipamentos informáticos da Presidência da Republica, a notícia tem um efeito contrário ao desejado e, para os desviar da discussão do caso, Fernando Lima muda de funções mantendo-se em Belém na casa civil, enquanto José Manuel Fernandes passa da direção para a administração do jornal.

O chamado caso das secretas é entretanto investigado e noticiado (no mesmo jornal “Público”) por Maria José Oliveira que de imediato é pressionada pelo (então) ministro Miguel Relvas que (alegadamente) ameaçou divulgar detalhes da sua vida privada. Que faz a direção do Jornal? Pura e simplesmente demite a colaboradora.

Entretanto há eleições e o novo Primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, vai buscar para seu assessor de imprensa um jornalista de que jornal? Do “Público”, claro.

O Governo corta vencimentos e regalias aos trabalhadores, Belmiro de Azevedo tem o descaramento de afirmar que “sem ordenados baixos não há empregos”.

Se houvesse deus como muitos acreditam bestas como Belmiro de Azevedo morriam prematuramente.

terça-feira, 16 de abril de 2013

ESPERO BEM...

Espero bem que as autoridades aduaneiras não facilitem quando este gajo voltar da Colômbia, conhecidas que são as sua dificuldades económicas deve ser bem revistado, radiografado, e retalmente bem vistoriado por um agente de dedos bem grossos.

segunda-feira, 25 de março de 2013

27 DE FEVEREIRO DE 1953, DIZ ALGUMA COISA A ALGUÉM?


Acordo de Londres de 27 de Fevereiro de 1953, que permitiu
anular uma grande parte da dívida de guerra da Alemanha.

 
Espanha, Grécia, Irlanda, EUA, Holanda, Reino Unido e Suíça, foram signatários.

O acordo adotou três princípios fundamentais:
1. Perdão/redução substancial da dívida;
2. Reescalonamento do prazo da divida para um prazo longo;
3. Condicionamento das prestações à capacidade de pagamento do devedor.

O pagamento devido em cada ano não pode exceder a capacidade da economia. Em caso de dificuldades, foi prevista a possibilidade de suspensão e de renegociação dos pagamentos. O valor dos montantes afectos ao serviço da dívida não poderia ser superior a 5% do valor das exportações. As taxas de juro foram moderadas, variando entre 0 e 5 %.
A grande preocupação foi gerar excedentes para possibilitar os pagamentos sem reduzir o consumo. Como ponto de partida, foi considerado inaceitável reduzir o consumo para pagar a dívida.

(fonte: http://bandalargablogue.blogs.sapo.pt/215210.html)

segunda-feira, 4 de março de 2013

GASPAR SONHA COM IMPOSTOS NA BANDEJA

GASPAR SONHA COM IMPOSTOS NA BANDEJA!
Gaspar, sonhou que não tinha jeito nenhum os servos do Estado do Vaticano receberem donativos/esmolas dos cidadãos da República Portuguesa e não se cobrar IVA sobre donativos/ esmolas, recebidas nos atos religiosos!
Pensou, pensou, e no seu sonho decretou que fossem os cobradores de impostos, representantes da República, através das Finanças concelhias, devidamente fardados, com a Bandeira da República em destaque na lapela, portadores das bandejas das emolas/donativos em cada missa e afins nas igrejas de Portugal! No final, ao montante recebido, seria aplicada a taxa mínima do IVA; 6%, e o seu montante logo deduzido, sendo o restante entregue ao representante do Estado do Vaticano.
A explicação para o benefício da aplicação da taxa reduzida, é devida ao facto de se pressupor que os crentes rezam para obterem milagres; produtos de primeira necessidade nesta época de crise!

Nota: O Estado, na falta de seus representes oficiais, OBRIGA  a que entre os fieis presentes seja nomeado, pela entidade religiosa, um seu representante, que após a aplicação do aqui exarado, receberá 10% do total do IVA arrecadado, deduzido o montante apurado da taxa intermédia de 13% aplicada.
A não aplicação desta medida resultará no confisco de toda a receita obtida e reverterá na sua totalidade a favor do Estado.
Parágrafo único: Todo o cidadão nomeado para a cobrança dos donativos/esmolas  que não faça o incumbido sofrerá uma coima duas vezes superior ao que normalmente paga, e caso esteja isento de impostos à República ficará em prisão domiciliária durante um mês, não podendo, assim, ir à missa.
Gaspar sonhou, sonhou, mas, a verdade é que o sonho ainda não se tornou realidade.
Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

ACRIMÓNIA?


No dia em que Joseph Alois abdica do cargo de patrão da igreja de Roma sou levado a pensar que nem um ex-nazi consegue endireitar aquilo.
Já no tempo em que andava de volta das batinas dos padres e das freiras me apercebi que algo não estava bem numa instituição que prometia o céu de forma igual para ricos e pobres, quando os padres (sempre os mais novos) demonstravam veemência na defesa dos mais desprotegidos, eram transferidos para paróquias com menos devotos (sobretudo no meio rural), e quem os substituía prestava muito mais atenção às senhoras e senhores que ocupavam as primeiras filas (junto ao altar) durante as celebrações.
Nunca mais esqueço a transferência do Padre Coelho (da Igreja dos Grilos/Porto) para longe, gerou um verdadeiro levantamento popular (e o 25 de Abril de 1974 ainda vinha muito longe) com manifestações e tudo, a polícia agrediu pessoas e ocupou o centro social que funcionava junto à igreja acima referida, e do padre, nunca mais ouvi falar. Mantenho na retina a figura de um sacerdote (ainda jovem) que tentou fazer frente às forças policiais em defesa do Povo da Sé, faleceu a 29 de Setembro de 2010, chamava-se Armindo Lopes Coelho, chegou a Bispo do Porto, deixou-me saudades porque recordo muitas vezes vê-lo vir do seminário maior em direção à catedral, apanhar a batina, dar um nó à cintura e jogar à bola connosco.
A igreja de Roma é romana por usurpação, não passa de mais uma conquista de uma tropa, a mais forte da época, e julgo que é aí que reside o busílis da questão.
A Igreja Católica Apostólica Romana começa por “vender” aos seus acólitos uma falsa imagem de Jesus Cristo que, nascido na Palestina, nunca poderia ter o aspeto árico que permanece em imagens e gravuras, voltamos à ideologia nazi, porquê? Porque é que em séculos nunca se tentou emendar os embustes que saltam à vista mesmo dos menos informados?
Talvez um dia apareça um sumo pontífice que venda todo o património, distribua o dinheiro pelos pobres, e se mude para a Palestina vivendo da caridade humana.
Para terminar, eu apostaria na eleição de um Papa preto, afinal o Vaticano está em crise, a América também estava.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

PENSANDO A FAMÍLIA


Não há qualquer paternalismo ou colonialismo bacocos na sensação de mal-estar que me apoquenta quando de Angola se sabe que a censura prende, tortura e faz desaparecer jornalistas por defenderem a liberdade de informação, que aquele (Procurador Geral da República) que deveria ser o garante da justiça no país investe milhões no estrangeiro através de “offshores”, se à escancara a filha de um ex-guerrilheiro (Isabel dos Santos filha do (Presidente da Republica Popular de Angola) José Eduardo dos Santos) tem interesses financeiros nas maiores empresas de Portugal, ou se por causa do tráfico de droga o Povo da Guiné Bissau não tem paz.
Sou dos que nunca se sentiu roubado quando das ex-colónias portuguesas veio grande parte da mão-de-obra que ajudou a mudar o meu país, cheguei mesmo a insurgir-me contra a exploração exercida por empresários sem escrúpulos a que muitos dos trabalhadores estiveram sujeitos, já as regalias excecionais que muitos dos ditos “retornados” (sem necessitarem) obtiveram considero-as um roubo de lesa-Pátria, vou mais longe, acho que foi a partir da “fabricação desses tachos” que se começou a cavar o buraco onde hoje nos encontramos.
Nunca ostracizei ninguém pela cor da pele, já pelas “dores” clubísticas admito que não sou isento, benfiquista, branco, preto ou amarelo, é mouro, não gosto, mai nada!
Diz-se que quando não há notícias está tudo bem, que as desgraças têm perna lesta e que se sabe depressa, mas queria mais informação sobre Timor Leste, não sei porquê, falta-me, pronto!
E o Brasil? Não é só o samba que me alegra, é também saber que o Povo vive melhor, que os generais (aparentemente) se renderam à democracia, que os yankiees/amaricanos aliviaram a pressão sobre a sua economia, e que como um “filho” educado, não querendo fragilizar a “mãe”, vai empurrando (com a barriga) o acordo ortográfico.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

OS DESACATOS E A VIOLÊNCIA SÃO INEVITÁVEIS.


Se dermos atenção aos comentadores independentes da finança e economia, se taparmos as orelhas quando “chiam” os outros, os que comentam por encomenda, basta fazermos contas para concluirmos que se não nos perdoarem parte da divida externa teremos de sair da moeda única.
Com o Relvas a pôr o estomago do Povo às voltas, com o Hulrich a provocar, com o Costa a usar a câmara como desculpa para passar ao lado da situação (esperando por melhores dias), com o manhoso de Boliqueime caladinho, com os populares a “gastarem”  a Grândola, a contestação só pode azedar.
A polícia já recebeu equipamentos novos, está tudo pronto para começar a batalha, quanto mais feridos houver, de preferência se houver mortes, mais fácil será pedir o perdão.
E agora vou à missa rezar para o Benfica perder.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

ACREDITA SE QUISERES


As eleições à presidência do Sporting Clube de Portugal poderão tornar-se num agente de desestabilização da segurança do país se não aparecer um candidato credível.
Analisando, imparcialmente, os dois candidatos que prometem opor-se a Bruno de Carvalho, chego à triste conclusão que aparecem para que se não diga que não houve oposição.
Relembrando as declarações de Eduardo Barroso que afirmava não se importar com a proveniência do dinheiro que viesse, desde que viesse, posso deduzir que até ele (Eduardo Barroso, que agora foge) sabia que o capital poderia não apresentar a “alvura” que (eticamente) se deveria exigir às coisas do desporto.
Carlos Barbosa, o presidente do Automóvel Clube de Portugal, tão crítico da presidência cessante “desapareceu do mapa”, será que considerou uma ameaça o assalto à sua residência que a comunicação social designou “cirúrgico” por só terem desaparecido peças de valor mais elevado, e que as más-línguas (que não perdem oportunidade para denegrir a imagem de quem quer que seja) intitularam de golpada às seguradoras?
E o Roquete, esse sportinguista idolatrado pela maioria dos “lagartos”, será que a nega que levou no seu projeto no Alqueva o deixou descalço, perdeu o seu “sportinguismo”, ou acha que o “filão” está esgotado?
Dias Ferreira, vai?
Não sei, sinto que pode mesmo vir a mafia russa, e com ela a insegurança.
Prós que vierem com a treta de falta de candura do “meu” presidente, só digo, “o assunto é o Sporting Clube de Portugal”.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

DIA MUNDIAL DA RÁDIO


Hoje celebra-se o dia mundial da rádio, em todas as emissoras (até agora) nem uma só palavra sobre aqueles que em situações críticas são os últimos a desligar, os radioamadores.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

“A nova Rede de Cuidados Continuados vem dar respostas de saúde e de apoio social a idosos e dependentes”



O governo publicitou o alargamento da rede de cuidados continuados, é uma falácia.

Se há vagas em instituições públicas e privadas que (as ultimas, para obterem licenciamento no âmbito) são obrigadas a designar uma percentagem de camas para ocupação por indicação da Segurança Social, pode dizer-se que o atual governo brinca com a desgraça dos mais necessitados.

Continua a mentir-se aos inscritos para vagas dizendo que não há, enquanto empresas privadas asseguram que “se a Segurança Social não ocupa as vagas que (por lei) devem ser ocupadas por sua designação as devem libertar de tal obrigação, já que os estudos de viabilidade do investimento foram baseados numa ocupação permanente dessas camas.

Sou, visceralmente, contra a entrega (a privados) dos cuidados de saúde e afins, sou no entanto obrigado a reconhecer a prestação muito positiva das misericórdias e dos investidores particulares na resolução de muitas das carências na área.

Quem quiser pode passar pela Praia de Valadares/Gaia e ver (o antigo Sanatório Marítimo) onde se gastaram muitos milhões de euros, alguns em jardins, num centro de reabilitação que (há meses) está totalmente equipado, e fechado a gastar milhares pagos a uma empresa de segurança que vela pela não vandalização, enquanto a entidade responsável (o Estado) espera pela melhor proposta para exploração por parte de privados.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

NUMA FONA!



Numa fona andam o Relvas e o Portas por causa da resignação do Ratzinger, que terá cedido a um pedido da Merkel no sentido de abandonar o papado, não vá o antigo elemento da juventude hitleriana (num rebate de consciência) atribuir ao seu país de origem a responsabilidade do falhanço do projeto europeu.
Logo que a renúncia do atual Papa “caiu” nas agências noticiosas, Relvas e Portas cancelaram as agendas, o primeiro tenta tudo para que o próximo substituto de S. Pedro seja escurinho, angolano, ou brasileiro, o segundo até já nem sente as orelhas de tanto usar o telefone, ele quer um, santo padre, com os olhos em bico, como não pode ser chinês tem de ser dum país amigo dos patrões da EDP.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

PUSERAM O INTERESSE DOS MATOSINHENSES ACIMA DO DOS RESPETIVOS PARTIDOS, E OS PARTIDOS RETIRARAM-LHES O APOIO.


Guilherme Pinto (PS) e José Guilherme Aguiar (PSD) aliaram-se a bem de Matosinhos e das suas gentes, os partidos não gostaram e “tiraram-lhes o tapete”.
José G. Aguiar mostrou interesse em se candidatar a Gaia de onde é natural, tinha até o apoio de Menezes, mas Passos Coelho tem de pagar o trabalho (porco) que o Baleia (Carlos Abreu Amorim) fez como comentador político.
Guilherme Pinto perdeu o apoio por se ter aliado a JGA mas não desiste, vai a votos como independente, espero que ganhe.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

OUTRA VEZ NÃO!

    Sr. Presidente da República,
As desculpas apresentadas aos portugueses para não enviar o orçamento para fiscalização preventiva pelo TC, não convenceram os portugueses e a decisão de pedir a análise de apenas três pontos do mesmo diploma revelam que Vexa só se quer comprometer q.b. com o fito de não ter que sair do seu último mandato pela porta do fundo.
Possivelmente existirão outras inconstitucionalidades no Orçamento, que escamoteadas com a análise encomendada apenas a três artigos passariam despercebidas se não houvesse outros órgãos que pedissem a fiscalização sucessiva.
Diz a imprensa que se o TC chumbar os artigos que Vexa mandou verificar isso terá o impacto de 1570 milhões de euros do défice público o que corresponde a 0,9% do PIB. Espero que desta vez não tentem recuperar este valor à custa dos habituais sacrificados. Ainda há poucos dias o governo “nacionalizou outro banco” onde injetou 1 bilião e 100 milhões de euros o que pelos meus cálculos representa cerca de 0,6% do PIB, para já não falar nos biliões que foram parar aos cofres do BPN. Diz-se que foi para garantir o dinheiro dos depositantes, os quais alimentaram e alimentam os acionistas que para além de também terem sido salvos, não contribuíram e continuam a não contribuir para o buraco que ajudaram a criar.

Quando Vexa diz que gastámos acima das nossas possibilidades sabe, tenho a certeza que sabe, estar a cometer uma injustiça, pois os biliões que faltaram na banca e criaram o défice público foram parar às mãos de pessoas sem escrúpulos, redes de mafiosos, que não tiveram que prestar contas pelos empréstimos e muito menos, como devia ter sido feito, contas à justiça!
Desta vez espero que exerça a sua influência para que seja a riqueza a ser taxada, seguindo o exemplo dos republicanos do outro lado do Atlântico.

 

domingo, 30 de dezembro de 2012

“Com o mal dos outros posso eu bem”
Existem ditados populares para todas as situações do nosso quotidiano, inclusivamente alguns deles contrariam-se quanto ao fundo moral que encerram.

No caso em apreço temos um aforismo popular que parece ter contribuído para o egocentrismo reinante, o que indicia a propensão portuguesa para o “lá diz o ditado”.
Passos Coelho por exemplo, a acreditar nas Boas Festas que nos enviou, não pode com o mal dos seus concidadãos, sente-se muito infeliz e vai fazer uma passagem de ano muito recatada. Não vai, contudo, deixar de comer as 12 passas da meia-noite enquanto em muitos lares portugueses se vai passar larica. 
Se é verdade que o peso do mal alheio é mais leve do que se fosse meu, não devia deixar de, algebricamente somados um e o outro, tenderem para o equilíbrio, dado que o mal era menor e o bem não seria tão bom.
Lembrei-me disto por causa da Mula que tive que escorraçar para não me infernizar o juízo. Fiquei muito mais aliviado quando constatei alguns percursos da mula na sua insana tarefa de sujar todos os lugares por onde passa.

A propósito de uma entrevista em que Urbano Tavares Rodrigues confessa que foi preterido diversas vezes por ser comunista, comenta a mula:
"Alguém lhe explica que com 86 anos e um filho de 4, há algo que não bate certo… tem pai que é cego”.

Sobre uma notícia com o título “Dubai acusa Mossad de matar membro do Hamas”:
“Excelente trabalho, façam favor de continuar”

Do artigo “Duas explosões no metro de Moscovo provocam mais de 30mortos”:
“Deve ser obra do lenin, desculpem, do putin”

Uma outra em que se informa que o chefe das Farc morre num bombardeamento, relincha a mula:
“ O PCP vai já fazer uma homenagem a título póstumo”.

Sobre “EUA: Reforma de saúde terá de ser votada de novo” vocifera a mula:
“… e não andam os médicos americanos a fazer como os seus congéneres cubanos que roubam a comida, etc., aos seus doentes e depois deixam-nos morrer de fome e frio às dezenas.”

São apenas alguns aspetos da orientação política do chip que lhe enfiaram na cabeça e que o emissor colocado no cabresto divulga por tudo que é sítio.

Omito as obscenidades usadas para com outros comentadores das mesmas notícias.
Depois disto não posso deixar de sentir algum conforto. Afinal não é só comigo que a mula implica. Tenho companheiros de infortúnio.

Ver:
http://www.jn.pt/search/SearchResults.aspx?u=6369&o=DateDescending&PageIndex=5

sábado, 29 de dezembro de 2012

A mula do pai do Moreira

Vamos animar esta coisa? Verifico que alguns "clientes" deste espaço desapareceram (como eu próprio), mas continuam vivos apesar de Passos de Coelho continuar a a pensar em nós como matéria morta e em putrefação. Façamos mais um esforço para lhe criar azias e muito más digestões mantendo-nos vivos.
Mudei o visual do blogue para refrescá-lo, a ele e a mim que bem preciso!

Entretanto, aproveito para assinalar que um amigo nosso do tempo do JN continua a contatar-me amiúde para saber de vós; quer cumprimentar alguns de vós particularmente. Ainda continuo a pagar as favas. Eu que era o mais educadinho!?

Por isso:
O que se passa António?
Eu vos digo.
O pai do Moreira tinha uma mula. Quando o Moreira adormecia e via que não tinha tempo de chegar antes do toque da cabra para o início das aulas, ia de mula. Amarrava-a a um poste de eletricidade junto ao... muro do colégio. No intervalo das aulas enfiava-lhe um saco com favas no focinho para lhe encher o depósito.
Quando havia um furo entre as aulas o Moreira, à vez, deixava-nos cavalgar o equídeo. Era uma festança!
Quando ia a trote não havia problema, portava-se muito bem, mas quando a galope tinha uma querença que nunca conseguimos contrariar.
Assim que via uma rua á direita não hesitava, guinava imediatamente para a tomar e o cavaleiro não conseguindo dominá-la com as rédeas, era projetado do selim.
Só obedecia ao Moreira, o que me leva a crer que a mula, matreira, só queria ser montada por ele.
Há sempre uma razão para evocar episódios do passado como me aconteceu hoje.
Tenho um armazém com a tabuleta por cima da porta “Durindana”. Era para ser um espaço concorrido mas pouco tempo depois decidi usá-lo apenas para recriar os desabafos que coloco noutros espaços, pelo que não procuro mantê-lo limpo e arrumado.
Todavia tinha a porta aberta, como na Ilha das Flores, onde nem de noite se fechava a porta e quem passava abria-a para ver as horas no relógio da sala… nos anos 40, como é de calcular.
Por essa razão uma mula mal parida passou a entrar-me pela porta do armazém onde aparece para defecar quando a diarreia mental fica incontrolável deixando-me o chão do armazém numa autêntica vergonha. Já pensei se não seria uma mula-sem-cabeça, duende em forma de besta e com três pés que anda por aí a vaguear, qual alma penada sem eira nem beira.
Tem todavia um nome! Não um nome próprio. Nem sequer o sobrenome. Identifica-se por “averdadedoi” pelo que não é difícil calcular onde lhe doi já que vive com um mu muito bem dotado.
Acabei!

domingo, 23 de dezembro de 2012

A todos os líricos deixo aqui os meus desejos dum Bom Natal
com a alegria possível e disponível; isenta de impostos!
Um Abração figariano aos presentes e ausentes
 
O AMOR É UM CHÁ
 
O amor é chá,
que quente se toma,
lentamente,
mas sem o deixar esfriar.
Se arrefecer,
além de mais açucar se acrescentar,
o melhor é voltar aquecer,
..fortemente.
........xxxxxxxx..............
Autor deste chá:
Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque
 
FOLHA OUTONAL
 
Luz de outono;
luz repousante;
macia; calma;
que beija corpos em primaveras,
que alumia sonhos de quimeras
em estações sucessivas,
até que vem o inverno
e varre folhas caídas!
.......xxxxxxxxxx.........
Autor desta folha outonal:
Figas De Saint Pierre
Gosto ·

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Loureiro bonsai gondomarense!


LOUREIRO BONSAI GONDOMARENSE
Um meu amigo veio visitar-me. Um Gondomarense, que vivia perto da Câmara e que tinha um loureiro, que há muito lhe dava preocupações! No seu quintal, que não era muito grande, o loureiro tinha vindo a crescer, a crescer e, embora no início até dele gostasse, rapidamente a sua sombra impedia que ervas aromáticas se desenvolvessem! Apenas ervas daninhas cresciam à sua volta! Pediu-me conselhos, porque, dizia ele, eu percebia da poda!
Eu não. Eu percebo tanto como tu. De vez em quando, apenas dou umas tesouradas nas oliveiras e nos loureiros que tenho, e quando ganham filhotes, que fazem muita sombra ao redor, volto a tesourar. Disse eu.
Mas, vendo que meu amigo, realmente, precisava de ajuda, e como não tinha jeito para a poda, eu, como conheço alguém no tribunal, que é jardineiro nas horas vagas e nos fins-de-semana, dei-lhe o contato. Passados uns tempos, novamente meu amigo fez-me uma visita e disse que o técnico do tribunal era muito competente e que tem vindo a tosquiar o loureiro. Não tarda, diz ele, que segundo técnica de poda adequada fique um lindo loureiro, mas muito mais pequeno, mesmo pequenino; tipo bonsai, que depois será retirado do quintal e ficará num vaso, como planta ornamental de interiores! Mostrou-me a foto do andamento da poda. –“Ainda está muito grande!”, Disse eu
-“Sim, mas o jardineiro do tribunal disse-me que lá para o ano já estaria pequenino e logo que ficasse um bonsai podia ficar dentro de casa.”
-“Ah. Vais ver que vai durar muitos anos dentro de casa. Além disso, ainda podes oferecer umas folhinhas para aromatizar pratos gastronómicos, muito apreciados por gente da alta; políticos, malta da justiça, do governo, etc. Pessoal que paga bem. Sabes como é; depois mandam as contas para os off-shores. Um raminho de loureiro ou de oliveira faz sempre jeito em casa! Rematei eu. Logo que acabei de falar em políticos, meu amigo desatou a chorar, chamando-lhes nomes feios!
Vá lá. Não chores. Disse eu, continuando: São uns inocentes. O Povo é que não os compreende!
Eles fazem tudo pelo e para o bem do Povo. Disse eu.
Continua a podar o teu loureiro. Quando ficar um bonsai, talvez fiques famoso por teres o primeiro loureiro bonsai gondomarense, em casa, reformado do quintal!
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Autor desta poda: Silvino Taveira Machado Figueiredo
Gondomar

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Bronca celestial!

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Que bronca!
Nem S. Pedro e todos os anjos da guarda chegaram para atender tantos casos de carne mal ressuscitada!
No dia da ressurreição, um homem, de bom coração, foi atacado por um outro, seu santo...irmão!
Exigia que lhe devolvesse o coração que no seu irmão estava transplantado!
Afinal, Deus quem iria premiar as boas ações feitas na Terra? Ao primitivo dono do coração, que era um bom cristão ou ao transplantado, que era ateu declarado e que dele tinha beneficiado, depois de ter retirado o mau coração que tinha?
O primeiro dono do coração apenas queria a execução dum costume terrestre:
”Quem do alheio veste na praça o despe.
Outro ressuscitado, mas sem um fígado, queria-o de volta. Sem ele, mal se aguetava de pé!
Havia quem reclamasse das placas de dentes que tinham ficado na terra! Mulheres, desiliconadas, queriam o silicone ausente das mamas, que lhes tinham custado uma fortuna e não estavam dispostas a andarem ali, com os pingentes mamários, perfurando as nuvens até tocarem os cumes do Evereste! A ser assim, mais valia não terem ressuscitado. Protestavam!
Jovens queriam reaver o poder perdido da ereção. Reformados exigiam saber dos valores das reformas e dos descontos para assim poderem planear excursões da Inatel Celestial!
Desempregados queriam saber do rendimento mínimo e onde ficavam os Centros de Emprego
Grande era a confusão! Dma voz, em off, se ouviu: -“Com o dinheiro que o Vaticano gastou o Céu está falido!”
Alguém foi chamar Deus Pai, que estava no seu descanso eterno, e lá veio ele, pesaroso, barbudo, (nunca foi ao barbeiro!) e cofiando a barba tentou acalmar as almas, mas passado apenas um átimo temporal logo chamou seu dileto filho Cristo (nascido dum truque mágico divino) e disparou:
-“Olha lá meu filho, que é que andaste a pregar? Vê o que está a acontecer! Tanta alma a ressuscitar diferente da minha imagem! Há para aí até troca de sexos, e o mais esquisito é haver transplantes do dito.”
Cristo, aflito, respondeu:-“Mas, meu Pai, Senhor meu, ensinei-os a conformarem-se com a Vossa vontade, mas depressa começaram a mudar cursos de rios, a fazerem barragens, derrubarem florestas, a poluirem o ar. Com a sua ação a Terra muito aquece. Desculpa Pai. Os homens fartam-se de invocar a vontade de Deus; a Tua, mas cada um faz o que lhe apetece! Aliás, fartei-me de pregar que Deus há só um, mas, afinal, cada um continua a ter o Seu!
Não atenderam aos meus ensinamentos. Modificaram seus corpos com próteses de todo o género; placas dentárias, silicone nas mamas, reposições de virgindade com novo híméns, olhos de vidro, transplantes de corações, de fígados, e até, imaginai, Senhor meu Deus Pai, aquilo que Vós não precisastes para me fazer! Foi só pela palavra, não foi?!
-“Cala-te”. Deus interrompeu-o bruscamente!
Então, o Pai Eterno, que não estava para se chatear, reganhou sua omnipotente calma e fez um transplante geral nas almas protestantes e mandou-as (salvo raras excepções) para o Inferno!
O Diabo, bem protestou devido ao aumento do trabalho,disse que tal não estava no protocolo! Além do mais, alegava ele, tinha de gastar mais eletricidade da EDP e nem sequer beneficiava da tarifa bi-horária!
-“Trabalha malandro. Fui eu que criei o mundo, a ti e ao Inferno, para nele trabalhares e me prestares bons serviços, senão, rua. Solto-te entre os portugueses descontentes. De qualquer modo, vou pôr a gestão do mundo em piloto automático e tudo que não estiver nos conformes, devido às tuas tentações, sobrará trabalho para ti. Como sabes, se dou descanso eterno a outros eu tenho direito a dormir descansado sem ser acordado para estas ninharias! Mas, para mitigar a situação, quem quiser órgãos em seu corpo transplantar tem que pagar imposto ao Gaspar, segundo a tabela de artigos de luxo. Entretanto, se acontecer qualquer terramoto, tsunami, tufões, ciclones, etc, e se morrerem milhares de almas, já sabes que foi por eu estar a dormir, depois não me chateies por excesso de trabalho! Já basta destas modernices que agora me apareceram! Um dia, se eu fizer outro filho quero-o melhor que Cristo, que não deu conta do recado e deixou o Mundo chegar a isto, a este estado”
“-Mas, Senhor, a Igreja também não é culpada?" Perguntou o Diabo”
-“A Igreja? Tu, que andas no seu meio, é que deves saber, porque é mais obra tua que minha.” Disse Deus, retirando-se.
O Diabo, abanou vaidosamente a cauda, mas logo viu o muito trabalho que tinha pela frente, até porque já lhe tinha chegado aos ouvidos que teria de churrascar coelhos, visto que não gostam de ser cozidos em lume brando! O Diabo estava chateado, porque trabalhava, há séculos, no Inferno, a recibos verdes, mas já estava amarelo de raiva por ainda não estar no quadro! Qualquer dia perde a cabeça e o rabo e faz greve sem ter cabo! Deus terá de acordar e deixar de andar a dormir. Terá trabalho dobrado!
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Autor:SilvinoFigueiredo
Gondomar

Leite azedo

Leite azedo
Um casal, dependente, há muitos anos, do Banco Alimentar, ela, bem anafada, redondinha, tipo matriosca russa, enquanto ele, tipo dandy, caminhavam rua cima com sacas nas mãos e encontrando uma vizinha, à soleira da porta, ela logo desabafou:
-“Ó dona Micas, tem algum jeito darem-me dois pacotes de leite e mais dois de bolachas, mas não me darem açúcar!? Desde quando é que se bebe leite sem açúcar? Eu não bebo”
As palavras soaram bem alto, atravessando as espírulas do fumo dos cigarros que fumavam, denotando a boa qualidade da nicotina, a avaliar pela qualidade da tosse e do catarro em cada tragada no cigarro!
Assim se nota a qualidade evolutiva do dependente consumidor português;  aceita leite e bolachas, mas sem açúcar é grave lacuna do Banco Alimentar, passível de ser levado a Tribunal por contribuir, de forma passiva, ao agravamento do stress do “cliente”, por não receber cigarros grátis! Quem sabe se no próximo pacote da Troika venha o açúcar e também subsídio para a compra de bilhetes para irem ver a seleção de futebol, que anda a jogar sem açúcar!
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Silvino Figueiredo

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

OS GATOS


A maioria das pessoas que hoje adotam gatos, que os tratam com todo o amor e carinho, não sonham que esses pequenos felinos abundavam (vadiando) pelas ruas das nossas cidades, não sei se me enganarei se disser que hoje há mais cães que gatos como animais de estimação, antigamente (creio) era precisamente o contrário.
A maioria dos gatos (do antigamente) eram um misto de companheiros e equipamentos, já que a maioria das pessoas que não deixava que os gatos entrassem em sua casa tinham de se equipar com ratoeiras.
Leu bem, ratoeiras para caçar ratos, a maioria das habitações eram antigas, construidas com uma mistura de barro e tabique, e em quase todas elas havia buracos de onde saiam (e entravam) ratos, tapava-se aqui, eles (os ratos) abriam acolá, e lá andava a ratoeira atrás dos buracos e dos roedores.
Lembro-me que havia um gato que pescava, regularmente, no lago do Jardim da Cordoaria, havia menos pombas na cidade, e às vezes lá ia uma na boca dum gato.
As peixeiras que vendiam porta a porta também já não se vêm na cidade, antigamente corriam as ruas do Porto, com zonas de venda definidas, havia tantos gatos que as peixeiras vendiam, por exemplo, meio quarteirão de sardinhas, e deixavam, “mais uma para o gato”, rações?

 Tá bem tá…

ALGUÉM SABE DIZER-ME PORQUE RAIO HÁ TANTOS RASCUNHOS QUE NÃO SÃO PUBLICADOS?

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

OS MEUS RECEIOS.



Conheço a Zona Histórica do Porto desde que me reconheço a mim mesmo, até os olhos se me riem quando vejo toda essa área, diariamente, inundada de turistas, recordo bem o tempo em que só encontrávamos estrangeiros, no verão, junto a alguns monumentos e no principal ponto de atração, as Caves de Vinho do Porto.
A cidade que está praticamente deserta de população residente devido à política, errada quanto a mim, de periferização das suas gentes, ressuscita todos os dias com pessoas, novos e menos novos, que cá chegam transportados pelas companhias aéreas ditas “low cost”.
Os estabelecimentos de restauração do Porto já interiorizaram que a generalidade do turista de hoje não tem nada a ver com o de antigamente que chegava carregado de moeda estrangeira para gastar, já entenderam que também ganham vendendo (muito) a preços acessíveis, e é nos preços que se centram os meus receios de hoje.
O atual Governo vai privatizar a “ANA”, empresa que explora os aeroportos, privatização costuma significar aumento dos preços dos bens, ou serviços, e é sabido que as companhias aéreas de baixo custo procuram os aeroportos com taxas mais reduzidas.
Conclusão, espero que os novos donos da “ANA” não matem a galinha dos ovos de ouro.
Mas não vivo só de medos, hoje fiquei muito contente ao ver que o quiosque do polícia, (situado na Rua Saraiva Carvalho frente ao Largo Primeiro de Dezembro) fechado há muito tempo, voltou a abrir como posto de turismo, muito bem!

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

UM ALMOÇO RECONFORTANTE.



Imagine-se a preparar-se para almoçar, escolhe esparguete com vitela estufada e espera.
Entretanto na televisão passa a notícia do despiste de um autocarro em Angola com não sei quantos mortos, nas suas costas, na mesa logo atrás, alguém comenta, “lá foram os barrotes queimados”.
A comida demora um pouco e entretanto a tv passa a vitória, ontem, do atleta jamaicano nos 100 metros dos Jogos Olímpicos, outro comentário, “deve ser da ração, estes macacos correm à brava”.
Chega o empregado com a comida, ia pousar a travessa e eu, sem ver a cara da besta autora dos comentários racistas, disse-lhe (de forma a ouvirem-me na mesa de trás),” ó Pinto, leve a comida lá para o fundo da sala, não como à beira de filhos da puta racistas”.
O fundo era para a frente, continuei sem ver a quem era o animal, comi, soube-me bem, paguei e vim-me embora.
Mai nada!

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

CONHECES O BONECO?



Não me abordaram, fui eu que me dirigi à banca onde estavam pousados os bonecos, contribuí com o que pude.
É certo que não vejo muita televisão, escuto muito rádio, ouvi dizer que o governo ia passar licenças a privados para transportarem doentes, que os bombeiros voluntários estão cada vez mais falidos, da campanha de angariação de fundos para os bombeiros (QUE ESTÁ A DECORRER)… Nada!
Se os bombeiros voluntários de Portugal fossem genros do manhoso de Boliqueime…

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

AINDA NEM O OVO NO "DITO" DA GALINHA ESTA!


"Com um pé em Gaia e um olho no Porto, Luís Filipe Menezes já está a preparar três grandes eventos a partir de 2014 na cidade cujos destinos espera agarrar a partir do próximo ano."(JN)

Espero que os portuenses não sejam burros e não lhe ofereçam a vitória, é que se ele (Menezes) ganha sobem os preços todos, pode até acontecer que o Porto fique a cheirar tão mal como Gaia, hoje não se pode sair à rua.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

D. Odete

Já comecei a treinar. Quero estar devidamente preparado em janeiro quando entrar em vigor a
lei que vai obrigar à emissão de faturas por todos os artigos comprados. Sou um legalista e não vou dececionar os meus superiores, que com tanto empenho e
inteligência se esforçam para nos conduzir ao estado de divergência com os demais países desta desunião europeia.
Assim, logo de manhã fui ao café do Jorge. Bebi a minha bica e comprei o meu jornal.
- Jorge, passa para cá uma fatura, do café e do jornal, tá?
- Já contratei duas “fatureiras”, mas só começam a trabalhar para a semana. Como vê, só tenho dois braços e está o café cheio à espera de ser servido.
- Ok, estou só a treinar. Faço a minha obrigação.
Como hoje estão 101 milhões de euros à minha espera, pensei que era melhor ir ao seu encontro e passei pela tabacaria da esquina para entregar o meu palpite com os número que sonhei esta noite.
A menina Amélia fez o registo e devolveu o boletim com a respetiva fatura.
Aqui não é preciso pedi-la – pensei.
Mas será que serve para deduzir no IRS? – interroguei-me.
Já ia a caminho de casa quando me lembrei que a minha mulher me tinha pedido para comprar fruta e voltei para trás. Normalmente compro-a, (entre outras coisas),
nas grandes superfícies, mas resolvi ir ao mercado que fica muito mais perto.

Peguei nos sacos de plástico que estão ali sempre à mão e escolhi meia dúzia de pêssegos amarelos, outra meia dúzia daqueles de roer, três nectarinas e três nabos. Pedi à D. Odete – sempre simpática – que me pesasse também 250 gramas de azeitonas.
À medida que ia pesando a fruta ia apontando com um lápis de bico rombo os diversos preços num pequeno papelinho rasgado de uma folha de papel pardo. Somou depois as parcelas.
- São 4 euros e 35 cêntimos – informou.
Dei-lhe uma nota de 5 e enquanto fazia o troco, atirei maldosamente:
- Então, D. Odete, já sabe das faturas?
- Nem me fale disso! Eu nem tenho máquina!
Durindana


    

terça-feira, 10 de julho de 2012

O SENHOR PROFESSOR SEPIÃO.

Sepião era viúvo, um elegante professor primário reformado que tinha passado toda a sua vida de docente na terra dos capões.



Aos 8 anos saíra da aldeia para ir servir de marçano na mercearia de um conterrâneo que estava muito bem de vida, como quem o tinha levado para a cidade lhe dava muito trabalho, pouca comida e de roupa o guarda-pó e pouco mais, por volta dos 14 anos, num dia em que foi a casa dum cliente daqueles bons para receber a conta do mês, fugiu com o dinheiro para Lisboa, arranjou um quarto numa pensão manhosa e empregou-se noutro estabelecimento do mesmo género propriedade de uns galegos.

Foram os novos patrões que o incentivaram a estudar, fez a quarta classe com “uma perna às costas” em três anos, entretanto ganhara no bairro a alcunha de “o flecha”, tal era a mestria e a velocidade que exibia e impunha ao velocípede, “”fugei” que aí vem o flecha”, ouvia-se dizer quando nas imediações se ouvia o estridente toque da campainha da “bicla” da “Casa Ramon”, assim se chamava o estabelecimento de mercearia fina.
Os anos foram-se passando, continuou a estudar, chegou mesmo a participar e a vencer (como atleta federado) algumas provas regionais de ciclismo, quando todos lhe auguravam, mesmo a nível de dirigentes desportivos, um promissor futuro no mundo do ciclismo, Sepião, que já namorava uma filha dos patrões, decidiu estudar para ser professor, casou e foi dar aulas para Freamunde.

Como quase todos os professores primários daquela época, Sepião rapidamente viu avolumar o seu pecúlio, quando, por qualquer razão, alguém decidia (estávamos nos tempos em que se emigrava muito para o Brasil) desfazer-se de bens, a primeira pessoa a quem falavam era a ele.

Entrementes, a sua senhora, de quem nunca teve filhos, morreu cedo com uma doença “debaixo”, dizia-se. Nunca voltou a casar, vivia com uma criada que tinha enviuvado cedo, que depois da morte da patroa teve dois filhos registados de pai incógnito apadrinhados no batismo pelo patrão, eram a cara escarrada dele (Sepião).

Ainda no tempo em que dava aulas ia à terra de quinze em quinze dias, controlava a produção dos terrenos que tinha entregues a caseiros, e durante as férias grandes por lá permanecia os três meses, no tempo das vindimas, que ali aconteciam tardiamente, saía de madrugada, no seu “Volvo marreco” para ir dar classes, e voltava pelo lusco-fusco para controlar a produção.

Já reformado foi ele quem tomou a iniciativa de se dirigir à câmara no propósito de conseguir que nomeassem um regedor para ver se acabavam as rixas que eram quase diárias pelas mais diversas razões, viu frutificar os seus intentos, houve nomeação e até fizeram uma cerimónia de tomada de posse com a presença do presidente da autarquia, comandante do posto da guarda, banda e tudo, adivinhem lá quem deu indicação de quem deveria ser escolhido como autoridade lá do sítio, pois, foi ele mesmo, claro que contou com o apoio incondicional do senhor abade.

À aldeia, a correspondência chegava por mão de alguém que fosse à feira semanal à vila, deslocava-se ao posto dos “CTT” dizia que ia buscar as cartas e, como o meio era pequeno toda a gente se conhecia, trazia-as, às vezes chegavam com especto de terem sido abertas, se quem as tinha trazido fosse alguma pessoa que reconhecessem não ser de confiar totalmente não lhe voltavam a pedir o favor, outras vezes, se o portador fosse considerado figura seriíssima, sussurravam, “deve ter sido a PIDE”. Os sobrescritos eram pousados no balcão da tasca e por lá ficavam, alguns nunca eram reclamados, quando estivessem já amarelados eram pendurados num prego que havia na retrete situada no quintal das traseiras, voltavam a ser uteis.
Para acabar com a situação, lucubrando que alcançaria mais alguns proventos, Sepião candidatou-se a agente dos correios, falou com um amigo bem colocado na capital e passado menos de um mês pendurou a caixa (marco) do correio na parede frontal de sua casa, mandou adaptar um janelo na janela original que ladeava a porta de entrada, assim não precisava de abrir a porta nem levantar a janela, abria e fechava o postigo, mandou mesmo fazer um telheiro em chapa canelada, pintada de vermelho onde se lia “CTT” com a gravura de um cavaleiro a tocar gaita, se chovesse os utentes estavam salvaguardados.

Sepião era uma pessoa muito bem conceituada, na missa, o lugar dele era na primeira fila no primeiro lugar junto à coxia do banco do lado direito como quem está virado para o altar, antes de começar a celebração o sacristão assomava-se à porta da sacristia para espanar muito bem a almofadinha em forma de oito onde ele se ajoelhava, e se por qualquer razão ele não estivesse presente ninguém ousava ocupar o lugar.

Como por todo o país as pessoas eram analfabetas, a correspondência também não era muita por isso mesmo, mas a pouca que chegava ficava muitas vezes por ler, outras vezes era lida quando lá por casa aparecia alguém instruído que fizesse o favor, que era sempre pago com uma galinha, uma garrafa de vinho, ou qualquer coisa que soubessem ser do agrado do ledor.

Furão, Sepião passou a ler as cartas a quem quisesse a troco de dois tostões, e cinco a quem desejasse que lhas escrevessem, era ele ainda quem vendia as folhas de papel e os envelopes que comprava às caixas, a quem aparecesse com os apetrechos comprados mais barato na mercearia ele não redigia, alegando que não se dava a escriturar noutro papel a não ser no dele, e assim cobrava mais ainda.

Passadas algumas semanas do início das novas funções sabia a vida de parte das gentes do lugar, com o tempo, tomou conhecimento da vivência de quase todos.

A sua ganância, aleada a algum altruísmo, diga-se, foi o seu fim.

Rosalinda, mesmo analfabeta, era a catequista da aldeia, limitava-se a ensinar as crianças a rezar, o catecismo lia-o o senhor padre. Mulher dos seus quarenta e poucos anos já trazia cinco filhos, todos pequenos, agarrados à saia, o último tinha nascido há pouco mais de um mês. Era casada com um pedreiro famoso, não só pela arte de trabalhar a pedra como pela sua força muscular, para levantar um calhau grande eram três de um lado e ele sozinho do outro, dizia-se que estava proibido de entrar num café da vila por, por aposta, ter levantado até à cintura um “bilhar russo” dos grandes, um feirante que na altura da festa apareceu com um daqueles comboios que se atirava, fazia um looping e, se com força suficiente, chegava a um castelo fazendo rebentar uma bomba, só ganhou uns cobres até chegar o marido da Rosalinda, ele agarrou no punho que havia na traseira do trem, tomou lanço, uma, duas, três vezes e zuuuummmm… Pum fez a bomba, CATRAPUM, fez a engenhoca ao cair no chão toda desfeita.

Rosalinda tinha uma irmã casada que vivia no Porto que foi à festa, abriu-se com ela contando-lhe o receio que sentia de voltar a engravidar, logo ela se prontificou a, chegando a casa, lhe meter alguns preservativos num envelope, e assim fez.

A meio da manhã chegava a ambulância dos “CTT” e de imediato Sepião lia em voz alta o nome dos destinatários, a nova chegava rápido a quem fosse contemplado, só da parte da tarde ele procederia à leitura.

Um puto a correr chegou-se à janela da casa de Rosalinda e gritou, “senhora Rosalinda, há carta para si”, “ai os preservativos, e eu que não avisei o senhor Sepião que a próxima não era para abrir” pensou ela, ainda considerou pedir ao marido para ir ele buscá-la mas desistiu, era coisa de mulheres, não queria correr o risco de levar alguma lambada.

Até a comida do almoço lhe saiu salgada, e ouviu uma bronca do homem por isso, tal era o estado de nervos em que ficara, até a saliva não lhe ia para baixo.

Deu tempo para não encontrar ninguém e lá foi pela carta, bateu à porta e foi atendida pela criada, “espere um bocadinho, o senhor Sepião está ali a fazer uma coisa que não pode deixar a meio e já a atende”, voltando a fechar, passados dois ou três minutos a porta reabriu-se, era a criada que com uma cesta no braço lhe disse, “vou num instante à venda da Melita e já volto, o senhor Sepião já aí vem”, deixando a porta entreaberta.

Passados instantes ouviu-se um “entra”, e ela entrou, estranhou logo o facto do senhor Sepião estar de robe e não se lhe adivinhar nada por debaixo, ele estava com o envelope já aberto na mão, ela esticou a mão e disse-lhe (com a voz trémula) “essa não quero que ma leia, dê-ma cá se faz favor”.

Sepião suava, tinha os olhos esbugalhados, nos cantos da boca viam-se sinais de espuma, estava desvairado, esticou pouco a mão que detinha o envelope obrigando-a a chegar-se mais a ele, e, de repente agarrou-se a ela forçando-a a cair de costas na carpete com o corpo dele em cima do dela.

Ao cair Rosalinda bateu com a cabeça, ficou meio atordoada mas não perdeu o conhecimento, gritou, gritou, e debateu-se, os segundos pareciam horas e nunca mais ninguém aparecia, ele já lhe tinha rasgado a blusa e arrancado o sutiã, agora enquanto com uma mão tentava tapar-lhe a boca, com a outra tentava levantar-lhe as saias. Sepião tinha já a cara toda arranhada pelas unhas da Rosalinda mas parecia insensível à dor, não parava, até que ela abrindo a boca lhe apanhou dois dedos e ferrou de tal maneira que lhos traçou, Sepião soltou um aflitivo grito de dor, tirou a mão das partes baixas da Rosalinda e aconchegou a outra que ela lhe ferrara com fúria animal.

Ela aproveitou ele ter aliviado a pressão e fugiu, cá fora a rua estava deserta, ninguém tinha dado por nada, desatou a correr para casa, vendo-a num estado lastimável uma vizinha deitou-lhe a mão, outra que também presenciou a correria juntou-se-lhes.

Rosalina ainda pensou esconder o que se tinha passado, mas sabia que se o fizesse ia ser pior para ela, que justificação daria ao homem para as pisaduras que tinha nas faces e nos peitos?

Entretanto Sepião metera-se no carro e saíra de casa, o marido de Rosalinda que só costumava chegar a casa pelo pôr-do-sol, entrou esbaforido de rompante em casa da vizinha, já sabia de tudo, conforme entrou, voltou a sair, foi a casa e voltou de caçadeira na mão numa correria em direção à casa do violador, alguém lhe disse que já tinha fugido, desvairado, esvaziou uma cartucheira, na porta, janelas, no cão que estava amarrado à casota, quatro ovelhas, duas cabras, um bode, duas vacas de leite, coelhos e galinhas, nem o corvo de estimação de quem Sepião muito se orgulhava (porque até sabia falar francês) escapou, tudo morto, safaram-se dois ganços que andavam soltos e fugiram com o barulho dos tiros, e a criada que tinha ido à venda, avisada por alguém refugiou-se em casa do padre.

Os amigos não se chegaram enquanto não estourou o último cartucho, depois rodearam-no e levaram-no para o tasco do Paulino, só havia uma maneira de o segurar, embebedando-o, mas até o conseguirem, foram-se duas mesas três bancos e os queixos do Rocha que, tentando acalmá-lo lhe disse, “tem calma pá, ele não conseguiu fazer-lhe nada”.

Era já quase dia quando adormeceu, ele e mais cinco que por solidariedade o acompanharam na “piela”, conseguiram mantê-lo embriagado três dias, até que o padre tomou a seu cargo a gestão do caso. Acompanhou-o ao posto da guarda para formalizar a queixa e levou-o a falar com o médico que tinha assistido a mulher e lhe confirmou que não tinha havido violação, entretanto do Porto tinha chegado a irmã da Rosalinda para, por uns tempos, lhe fazer companhia.

Na aldeia vivia-se uma paz podre, temia-se que Sepião voltasse ou que o marido, que passou a andar sempre a “meio-pau”* fizesse alguma loucura, em casa da Rosalinda já restavam poucos móveis direitos, nas tascas já não era bem-vindo pois tornara-se no terror de copos, garrafas e não só.

A coisa estava neste pé quando, uma noite, já altas horas da madrugada, parou um carro desconhecido em frente à casa de Sepião, para pasmo dos que foram ver quem era, lá estava o profanador com mais quatro tipos grandalhões, primeira coisa a fazer, manietar o marido da Rosalinda, depois tocou o sino a rebate.

Quase não houve reação dos capangas perante o número de contendores, passados dois minutos, no máximo, estavam todos inanimados no chão, estava quase a raiar o dia quando os bombeiros, acompanhados da guarda, os conduziram ao hospital. Nesse mesmo dia, a meio da manhã, Sepião atirou-se do quarto andar, caindo em cima de uma cadeira de rodas de onde, há dois minutos, se tinha levantado a mãe do presidente da câmara, teve morte imediata.

Estava limpa a honra do marido da Rosalinda, mas ficou o vício do álcool, nunca mais foi o mesmo, foi-se a força, até, para dar ao zarelho nas feiras.

Rosalinda passou a viver desolada, preferia não ter saia suficiente para os filhos se agarrarem, nunca mais engravidou, e os preservativos causadores da sua desgraça continuaram todos dentro do envelope.

PS:
Na comoção da narrativa esqueci de referir que Sepião, logo que juntou dinheiro suficiente, enviou ao primeiro patrão o numerário que lhe havia roubado, acrescido de mais algum juntamente com um pedido de desculpa.
Ironicamente foi o homem, já muito velhinho, que o havia tirado da pasmaceira da aldeia, o único patrício que se deu ao trabalho de se deslocar a Freamunde onde viviam os dois filhos de Sepião, se realizaram as cerimónias fúnebres e onde foi a enterrar.

* Meio bêbado

NOTA: Esta história, e a do “Eufrásio”, pretendem ser uma singela homenagem à aldeia, e suas gentes, onde nasceu minha mãe.
Retrata de forma, exageradamente, ficcionada a vivência dos habitantes de uma terrinha da beira alta encravada entre serras, onde a luz chegou em finais dos anos 60 do século passado e a estrada só foi alargada e alcatroada após o 25 de Abril de 1974 pela tropa.
Tentem imaginar uma localidade após a Revolução dos Cravos, onde durante vários anos, não foi permitida (nas campanhas eleitorais) a passagem de caravanas dos partidos de esquerda, só “CDS” e “PPD”, o sino tocava mesmo a rebate e os “comunas” tinham de dar a volta.